Os miomas são tumores benignos que aparecem na camada muscular do útero (miométrio). São o tumor genital mais frequente da mulher - 30 a 60% apresentam miomas uterinos entre os 40 e os50 anos, com ou sem sintomas associados.
Sintomas
Em cerca de metade dos casos não há qualquer sinal ou sintoma. Nessas circunstâncias só o exame ginecológico regular e a ecografia pélvica os deteta. Nos casos em que existem sintomas associados, que dependem do volume e localização dos mesmos, estes podem ser bastante intensos e causar muito desconforto, sensação de mal estar na pélvis ou mesmo dor.
As queixas dependem de dois fatores principais:
- Os miomas que crescem para dentro do útero (submucosos) provocam mais hemorragias e podem ser causa de infertilidade ou perturbação da gravidez.
- Os miomas que crescem para fora do útero (subserosos) são por vezes assintomáticos, mas podem provocar perturbações urinárias ou digestivas, conforme o seu volume e compressão das estruturas vizinhas (bexiga, uréter, ansas intestinais, nervos e vasos sanguíneos). 
Quando os miomas apresentam sintomas provocam perda da qualidade de vida, pois são a causa de alterações na vida pessoal e íntima da mulher, podendo mesmo perturbar a sua fertilidade. 
Tratamento
Nos casos em que as mulheres são afectadas no seu dia-a-dia, o tratamento adequado é o que proporciona a recuperação da sua qualidade de vida. 
A abordagem terapêutica depende dos sintomas existentes, da idade e da vontade da mulher. Se for possível controlar os sintomas com terapêutica médica, esta deve ser preferencial. Entre as várias técnicas cirúrgicas, existem as minimamente invasivas – laparoscópica e robótica, e ainda as técnicas de cirurgia convencional que permitem retirar o mioma e preservar o útero, ou realizar a histerectomia.
Mais recentemente surgiu uma nova opção terapêutica – acetato de ulipristal - sob a forma de comprimidos, que são administrados diariamente com a duração máxima de 3 meses por cada ciclo de tratamento. 

Foi recentemente publicado um estudo, apresentado recentemente em Portugal, com quatro ciclos de tratamento de três meses, intermediados por duas menstruações, em que se verifica que mais de 90% das mulheres têm os seus sintomas controlados ao fim dos primeiros sete dias de tratamento e que o volume dos miomas reduz em cerca de 80% dos casos. 
O tratamento é muito bem tolerado e cria condições para uma cirurgia mais segura. O tratamento também pode evitar uma cirurgia ou converter uma cirurgia radical, como a histerectomia, que implica a remoção do útero numa conservadora, a miomectomia. A cirurgia pode ser efetuada de imediato ou programada em função das queixas e vontade da mulher. 
Trata-se de um tratamento inovador, que está progressivamente a modificar a abordagem terapêutica dos miomas uterinos. Neste momento estão aprovados dois ciclos de tratamento de três meses cada. Este tratamento permite actuar de forma prolongada e contínua no tratamento dos sintomas causados por miomas uterinos, promovendo diminuição da hemorragia uterina, correcção da anemia e redução do volume do tumor, o que pode significar uma mudança na vida destas mulheres.
O tratamento melhora a qualidade de vida e tem menos efeitos secundários, nomeadamente os da castração química que são provocados pela terapêutica tradicional, que levava ao aparecimento de sintomas de menopausa em mulheres em idade fértil, o que é muito mal tolerado pelas mulheres.
Factores de risco
A idade é um importante fator, na medida em que é significativamente mais frequente entre os 40-50 anos e os miomas não aparecem após a menopausa. As mulheres com obesidade tendem a ser mais atingidas, bem como as mulheres de raça negra.
Diagnóstico
O exame ginecológico de rotina e a ecografia pélvica são os exames fundamentais para o diagnóstico.
Quando indispensáveis outros exames, a ressonância magnética pélvica é o exame que melhor define a localização dos miomas uterinos.

Por Daniel Pereira da Silva, Médico Ginecologista