Apenas 10% dos cerca de um milhão de doentes em Portugal estão corretamente diagnosticados; os restantes 90% recorrem repetidamente a assistência médica não programada justificando os elevados custos indiretos consumidos pela doença (300 milhões de euros/ano).

O tabagismo é a principal causa de DPOC, com os fumadores a terem 13 vezes mais probabilidades de morrer de DPOC do que os não fumadores. A exposição passiva ao fumo ou a outros poluentes interiores ou exteriores, também pode aumentar a possibilidade de uma pessoa vir a desenvolver esta doença.

Os sintomas mais comuns da DPOC são dispneia (dificuldade em respirar/falta de ar), expetoração excessiva (uma mistura de saliva e muco nas vias aéreas), tosse crónica e pieira. Estes sintomas têm um impacto devastador sobre a qualidade de vida do doente. As atividades diárias, como por exemplo subir um pequeno lance de escadas, podem vir a tornar-se muito difíceis, pois a condição do doente piora gradualmente. A maioria dos doentes indica a manhã como o período do dia em que os sintomas são piores do que o habitual, referindo a falta de ar como o sintoma mais associado às dificuldades sentidas na rotina matinal.

O diagnóstico desta doença passa por um simples exame designado por espirometria, que mede a quantidade do ar que uma pessoa consegue expirar. O subdiagnóstico é frequente devido ao facto de os doentes não serem sujeitos ao exame para detetar a doença. Uma vez que os sintomas da DPOC podem ser atribuídos pelos doentes ao seu hábito de fumar ou até ao envelhecimento, é frequente não pedirem ajuda e permanecerem sem diagnóstico até que se dê um agravamento do seu estado.

Os broncodilatadores são a base do tratamento desta doença, sendo usados regularmente como tratamento de manutenção para reduzir os seus sintomas. A combinação de dois broncodilatadores num único medicamento proporciona uma melhoria significativa nos sintomas, menos falta de ar, maior tolerância ao exercício, diminuição do uso de medicação de alívio e melhoria da qualidade de vida do doente.

A adesão à terapêutica é um desafio no tratamento da DPOC e ao mesmo tempo indispensável para o controlo dos sintomas e para evitar a progressão da doença, sendo que os dispositivos inaladores assumem um papel fundamental no cumprimento da terapêutica por parte do doente.

Por Nuno Filipe Pires, Médico e Assistente Hospitalar de Pneumologia do Hospital Santa Maria Maior

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