Segregadas pelos ovários desde a primeira menstruação até à menopausa, o estrogénio e a progesterona estão associadas a características físicas e comportamentais que definem o género feminino, do cerebro à pele, passando pelos ossos e pela saúde vascular e sexual.

Deve, por isso, procurar um ginecologista se tiver alterações na regularidade do ciclo ou fluxo menstruais ou ausência de menstruação.

A ação das hormonas acaba por ser condicionada pela faixa etária em que se encontra.

Idade fértil

É, sobretudo, marcada por dois períodos fundamentais:

- Ciclo menstrual

É determinado pelas oscilações cíclicas entre o estrogénio e a progesterona, sob o efeito de
retro-controlo da hipófise, glândula que produz as hormonas folículo-estimulante e luteotrófica. Na primeira metade do ciclo, o primeiro estimula o espessamento do revestimento uterino, preparando a ovulação e uma possível gravidez.

Durante a ovulação, dá-se a libertação de hormonas responsáveis pelo aumento da líbido. Após a ovulação, é segregada progesterona para preparar o endométrio (revestimento do útero) para receber o óvulo fertilizado. Se ocorre gravidez, os seus níveis mantêm-se estáveis após a conceção, caso contrário decaem e surge a menstruação.

- Sindrome Pré-Menstrual (SPM)

Caracterizada por alterações de humor, comportamentais e físicas que podem ocorrer vários dias a duas semanas antes da menstruação, deve-se à queda abrupta dos níveis de progesterona na segunda metade do ciclo menstrual, quando não ocorre gravidez. «Acontece com mais regularidade quando os níveis de progesterona são altos», na primeira metade do ciclo, indica Mário Sousa, ginecologista.

Menopausa

Em media, por volta dos 51 anos, ha uma redução natural do funcionamento dos ovários e uma consequente baixa da produção de estrogénios e de progesterona. A menstruação cessa e inicia-se o processo de envelhecimento, surgindo sintomas como perda de massa ossea, afrontamentos, suores noturnos, secura vaginal, perda de desejo sexual e aumento de massa gorda. Este processo pode ocorrer antes dos 40 anos, caso haja uma falência prematura dos ovarios.

Como deve agir para potenciar a ação do estrogénio e da progesterona:

- Dieta

Aposte em frutos e vegetais, privilegie o azeite e, para manter os ossos robustos, consuma leite e derivados, sardinhas com espinha, leguminosas, cereais integrais e legumes de folha verde.

- Exercício

Caminhe 30 a 45 minutos, duas a três vezes por semana. Esta ação preserva a massa muscular e o peso, estimula a formação óssea e reduz o risco de cancro da mama e de problemas cardiovasculares.

- Maus hábitos

Modere a ingestão de sal e proteínas (potenciam a eliminação de cálcio pela urina), assim como de álcool e café. Deixe de fumar. As fumadoras têm a menopausa cerca de dois anos mais cedo e sofrem mais com afrontamentos, secura da pele, problemas cardiovasculares, osteoporose e fraturas.

- Medicação

A terapia hormonal de substituição ajuda a repor os níveis de estrogénio e/ou progesterona no organismo e, assim, a retardar a sintomatologia e o processo de envelhecimento, prevenindo a osteoporose e protegendo dos cancros do cólon e do endométrio. Os fitoestrogénios (produtos naturais com derivados de soja ou trigo roxo, por exemplo) são uma alternativa a esta terapia, em casos específicos. Fale com o seu médico.

Idade fértil

3 conselhos fundamentais:

1. A pílula interfere na oscilação natural dos níveis hormonais, inibindo a ovulação, fase em que o desejo está mais ativo. Se nota diminuição da libido, fale com o seu médico.

2. O stresse agrava os sintomas da SPM. Evite-o com recurso a técnicas de relaxamento. Praticar exercício aeróbico (nadar, caminhar) ajuda a melhorar o humor e atenua a severidade dos sintomas. Coma snacks saudáveis em intervalos regulares, elimine a cafeína e a nicotina e faça refeições com hidratos de carbono e pobres em proteína.

3. Segundo Mário Sousa, ginecologista, a SPM pode ser tratada com recurso «a uma pílula ou um antidepressivo, tomado nos últimos dez dias de cada ciclo menstrual». Aconselhese com o seu médico sobre as vantagens da toma de suplementos, nomeadamente de cálcio e de vitamina B6.

Texto: Nelma Viana, Rita Miguel e Vanda Oliveira com João Jácome de Castro (médico endocrinologista e secretrário-geral da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia), Luís Romariz (médico especialista em medicina antiaging), Ricardo Gusmão (psiquiatra), Mário Sousa (médico ginecologista), Teresa Branco (fisiologista na gestão do peso) e Teresa Paiva (neurologista)