Estudos epidemiológicos têm vindo a mostrar um aumento da esperança de vida em idosos com atividade sexual. O mesmo se aplica a quem vive em casal.

Pesquisas recentes mostram que os homens que têm sexo têm menos hipóteses de morrer de doença coronária.

Todas estas conclusões caminham na mesma direção.

«Uma vida sexual satisfatória faz parte da vida pessoal do ser humano que vive sobretudo em casal. Ajuda a manter um equilíbrio entre o corpo e a mente para uma vida mais longa e feliz», refere o francês Ronald Virag, cirurgião cardiovascular e especialista em andrologia.

Disfunções sexuais

A vida sexual nem sempre corre conforme se deseja. «No homem a disfunção sexual mais comum é a disfunção erétil (primeiro ereções fracas e depois impotência), geralmente causada por um conjunto de problemas vasculares, decréscimo hormonal (testosterona) e ansiedade gerada pela diminuição das ereções. A média de idade de consulta é de 50 anos, mas pode surgir mais cedo em pacientes com factores de risco vascular (tabagismo, colesterol, hipertensão e obesidade com diabetes)», diz o especialista francês.

Na mulher, a situação é mais complexa, «dado que os problemas hormonais, emocionais e psicológicos interferem em conjunto. O principal sintoma é a falta de desejo», realça ainda o especialista.

Soluções no masculino

«A disfunção erétil pode ser um sinal de futuras complicações vasculares, como o enfarte do miocárdio ou AVC. O seu tratamento precoce protege o homem contra estes problemas», alerta Ronald Virag.

«O tratamento oral com inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (comercializado sob as designações de Viagra, Cialis ou Levitra), as injeções intracavernosas e os implantes tratam a disfunção erétil», enumera o especialista em andrologia, aconselhando ainda que o tratamento seja combinado com suplementos de testosterona, quando há níveis baixos desta hormona.

O poder da testosterona

«Está provado que esta terapêutica hormonal com testosterona é de vital importância não apenas para a função sexual masculina, mas para a saúde dos ossos, dos músculos e cardíaca», diz.

O seu uso é, no entanto, polémico e controverso.

«É reconhecido pela comunidade médica que a testosterona não induz o cancro na próstata, contudo, acelera um cancro existente. Antes de qualquer prescrição elimina-se a possibilidade de uma lesão adormecida na próstata», acrescenta ainda.

«E durante o tratamento efectuam-se controlos duas vezes por ano, o que faz com que estes pacientes sejam até mais bem diagnosticados do que os outros», afirma ainda Ronald Virag.

Soluções no feminino

A terapia hormonal de substituição é largamente proposta às mulheres na fase da pré-menopausa ou menopausa. A endocrinologista Vania Assaly é uma das especialistas que propõe uma alternativa com hormonas bioidênticas, com características bioquímicas e moleculares similares às hormonas secretadas pelo nosso organismo.

«Nesta terapia há um maior respeito pela individualidade bioquímica, pois é possível fazer prescrições personalizadas e obter assim uma melhor resposta terapêutica. Por serem bioidênticas têm menos efeitos secundários e actuamno sistema nervoso central como neurotransmissores, preservando os circuitos neuronais em benefício dos diversos aspectos do envelhecimento cerebral progressivo», conclui.

Texto: Vanda Oliveira com Ronald Virag (cirurgião cardiovascular e especialista em Andrologia) e Vania Assaly (endocrinologista)