Atinge um em cada cinco homens e tem um impacto muito grande na sua vida, na das suas companheiras e na relação entre ambos, afectando consideravelmente a satisfação sexual.

Muitos homens evitam recorrer ao médico para tratar a ejaculação prematura (EP), o que faz com que continue a ser uma condição  sub-diagnosticada e sub-tratada.

Isto acontece porque os afectados se opõem a discutir a sua sexualidade, por razões sociais e culturais, e porque uma grande parte deles entende a sua condição como um problema passageiro ou uma questão psicológica. Contudo, é preciso ter em conta que a EP não condiciona apenas a vida sexual do homem, mas também a da mulher. Por isso, cabe, muitas vezes, à mulher o papel de sensibilizar o companheiro a procurar ajuda médica.

O que é

A ejaculação prematura, vulgarmente conhecida como ejaculação precoce, é uma disfunção sexual comum, transversal a todas as idades, que pode manifestar-se logo no primeiro acto sexual ou desenvolver-se mais tarde.

Segundo a International Society of Sexual Medicine (ISSM), a EP caracteriza-se por «uma ejaculação que ocorre sempre (ou quase sempre) antes, ou dentro de cerca de um minuto, após penetração vaginal, uma incapacidade em retardar a ejaculação em todas (ou quase todas) as penetrações vaginais e uma situação com consequências pessoais negativas,tais como ansiedade, preocupação, frustração e/ou evitação da intimidade sexual».

Quais as causas

As causas para o aparecimento da ejaculação prematura são várias.

Na opinião dos especialistas, o mecanismo de ejaculação é influenciado pela combinação de factores fisiológicos e psicológicos, sendo que a serotonina, um neurotransmissor que regula o humor, a ansiedade, o apetite e o sono, desempenha um papel fundamental na determinação do momento em que a ejaculação ocorre.

A resposta sexual masculina divide-se em cinco fases:

1) Desejo sexual
2) Excitação (em que ocorre a erecção)
3) Fase de estabilização
4) Clímax ou orgasmo
5) Resolução (relaxamento após o clímax)

Pensa-se que o processo de ejaculação dos homens com EP é semelhante ao dos outros homens, só que ocorre mais rapidamente e o homem não consegue controlar a ejaculação.

Como diagnosticar

O primeiro passo para assegurar um tratamento adequado consiste em saber distinguir EP de disfunção eréctil (DE). A DE caracteriza-se pela incapacidade em atingir ou manter uma erecção e afecta, sobretudo, homens mais velhos.

Contudo, é possível um homem ser afectado pelas duas condições simultaneamente. Depois de feita esta distinção, cabe ao homem ou à sua parceira, participar a situação ao médico.

A EP pode ser identificada pelo especialista enquanto o homem e a sua parceira relatam as dificuldades na sua relação, por exemplo. Para um correcto diagnóstico, e na opinião de Rocha Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia, «os afectados devem procurar ajuda em consultas de Sexologia, Andrologia ou Urologia».

Os homens com sintomas de EP devem efectuar um exame completo para avaliar os factores de risco associados à disfunção sexual, particularmente disfunção endócrina, doença cardiovascular ou sintomas associados a patologia prostática.

Como tratar

As terapêuticas usadas para tratar a EP têm como objectivo melhorar o controlo que o homem tem sobre a ejaculação.

Os tratamentos disponíveis actualmente incluem:

Terapêutica comportamental

Exercícios práticos que ensinam o doente a controlar a ejaculação, com base na noção de que as respostas à excitação sexual, bem como o reflexo ejaculatório podem ser modificados.

Tratamentos tópicos

Cremes ou sprays com efeito anestésico. Há que ter em conta que estes fármacos reduzem a sensibilidade e podem diminuir a satisfação da experiência sexual.

Preservativos e alguns medicamentos

Recentemente, surgiu no mercado português um novo medicamento que actua nos neurotransmissores cerebrais e permite ao homem ter um maior controlo sexual.

Dapoxetina

Substância de administração oral, actua como um antidepressivo, travando a recaptação da serotonina pelas células nervosas.

Como afecta a mulher

A ejaculação prematura tem um impacto considerável sobre o homem mas também na sua companheira, afectando a qualidade da vida sexual de ambos.

As mulheres queixam-se não só da ejaculação rápida dos seus companheiros (50% das parceiras não sentem prazer quando o companheiro sofre de ejaculação prematura), mas também do tempo de duração dos preliminares (para 58,2% das mulheres, os preliminares são considerados como a componente mais importante da relação sexual).

A EP tende a limitar a fase preparatória do acto sexual, o que provoca a diminuição do desejo e da manutenção da excitação e a incapacidade de atingir o orgasmo.

Como afecta o homem

De acordo com as conclusões de um inquérito realizado a mais de 12.000 indivíduos, os homens com ejaculação prematura apresentam um funcionamento sexual significativamente inferior quando comparados com os homens que não sofrem desta disfunção sexual.

Os homens com EP apresentam também uma auto-estima mais reduzida, uma maior preocupação em relação aos seus relacionamentos (chegando mesmo a evitar qualquer tipo de relação) e níveis superiores de ansiedade e vergonha.

Para além disso, os homens com ejaculação prematura também manifestam uma maior deterioração da qualidade de vida e um maior agravamento da saúde geral comparativamente aos homens sem esta condição.

Texto: Madalena Alçada Baptista