Também designado dermite ou dermatite, o eczema atópico é o resultado de uma inflamação cutânea que pode sofrer uma evolução aguda, subaguda ou crónica.

Caracteriza-se por lesões que provocam uma comichão intensa e que surgem no âmbito de um processo inflamatório mais ou menos grave, de acordo com o agente desencadeador e da suscetibilidade individual para a patologia.

Assim, a pessoa atópica demonstra uma hipersensibilidade a estímulos ambientais que os indivíduos normais suportam perfeitamente. Com uma taxa de prevalência que duplicou nas últimas três décadas, o eczema atópico surge, frequentemente, entre os primeiros quatro es seis meses de vida dos bebés, sendo o sexo masculino, o mais afetado.

Sem dados concretos, os especialistas estimam que a sua incidência, em Portugal, ronde os 75%, durante os primeiros seis meses após o nascimento. E, se antigamente desaparecia no início da adolescência, atualmente, tal já não acontece. Em 60% dos bebés, a doença desaparece mas estima-se que a sua evolução já atinja uma percentagem de 30% de crianças, podendo manter-se por muitos anos. Nestes casos, o sexo feminino passa a ser o mais afetado.

O eczema tem, portanto, uma evolução irregular. Por volta do segundo ano de vida pode regredir totalmente ou, em alternativa, manter-se ativo durante a infância, alternando-se os períodos de agravamento com os de melhoria. Mesmo quando a infeção desaparece no final da infância, os doentes podem permanecer atópicos, ou seja, com uma alta suscetibilidade ao desenvolvimento de uma inflamação cutânea.

Existem dois tipos de eczema atópico, dependendo da gravidade dos sintomas: agudo, que se caracteriza por pequenas vesículas e manchas vermelhas, que podem provocar dores ou comichão; ou crónico, um tipo de eczema mais avançado e mais grave, facilmente identificado pelas grandes manchas avermelhadas e espessas, que provocam a descamação da pele do paciente.

O grande desconforto causado pelo eczema atópico acaba por se traduzir numa elevada redução da qualidade de vida do doente, provocando transtornos de sono, cansaço extremo e períodos frequentes de stress. Faltar às aulas, evitar a prática de desportos, conviver com oscilações significativas de humor, bem como alterações no sono são os sintomas que afetam um em cada quatro crianças com eczema atópico.

Também a vida familiar é, em larga medida, afetada pelos sintomas
dos pacientes com eczema atópico. Esta é a conclusão de um estudo
realizado pelos laboratórios farmacêuticos Astellas Pharma, na Europa, e
que teve como objetivo identificar a gravidade da doença dos pequenos
na qualidade de vida dos pais. Os resultados foram específicos:

-
26% dos pais afirmaram ter de faltar ao emprego para tratar das
crianças e metade concluiu que a patologia tem um impacto elevado na
autoestima dos miúdos.

- Como efeitos mais graves, 32% dos
inquiridos revela a sua preocupação com as sensações de frustração dos
filhos e 30% acham que os filhos se discriminam em relação às outras
crianças.

- A prevenção ou redução das erupções cutâneas foi
apontada como uma das prioridades, juntamente com o alívio da dor.
Segundo os pais, todos os aspetos da vida familiar seriam melhorados se
as crises de eczema fossem menos frequentes.

Após constatação da
necessidade de qualidade de vida familiar que os pais das crianças com
eczema atópico possuem, um grupo de dermatologistas europeu criou, em
conjunto com a empresa Astellas Pharma, um guia de conselhos chaves que
ajudam toda a família a viver melhor com a patologia. O guia tem,
também, uma função preventiva, pois explica os vários fatores que podem
desencadear as reações alérgicas da pele.

Este estudo permitiu concluir ainda que existe uma forte predisposição genética para a patologia.

Uma criança
cujos progenitores são atópicos tem uma probabilidade de até 70% de
também o ser.

A probabilidade desce para 30% no caso de apenas um dos
pais ser atópico.

Em média, os surtos acontecem nove vezes por ano,
com uma duração de cerca de duas semanas cada.

Os doentes atópicos na
infância constituem 80% dos doentes que desenvolvem dermatoses
profissionais na vida adulta. Mesmo quando as exacerbações não são visíveis, ainda existe uma
predisposição do indivíduo para o desenvolvimento das mesmas.

Em 75%
dos casos, a doença inicia-se por volta dos 4 a 6 meses de idade sendo a
dermatose mais prevalente na infância. Para cerca de 80% dos doentes,
a atopia traduzida pelo eczema manifesta-se também a nível
respiratório, com historial pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica
ou sinusite.