Mais do que um envolvimento isolado da pele, a psoríase afeta gravemente a qualidade vida dos doentes. De facto, está desde há vários anos demonstrado que o impacto da psoríase na qualidade de vida é superior ao de muitas outras patologias habitualmente consideradas mais graves, como o cancro, a diabetes ou a doença cardiovascular.

Para além do impacto estético que as lesões de psoríase têm, em muitos casos, são confundidas com patologias infecto-contagiosas, conduzindo com facilidade à estigmatização social e consequente isolamento. Muitos doentes inibem-se de fazer diversas atividades que para o cidadão comum são perfeitamente normais, sempre com o objetivo de esconder o corpo e a doença, com consequências nas relações pessoais que são inevitavelmente também afetadas.

Tiago Torres, Médico Dermatologista

É o caso de frequentar lugares públicos como a praia ou a piscina, fazer desporto livremente ou usar certas roupas que evidenciem mais a pele, como saias ou calções. Adicionalmente, o impacto físico não é de menosprezar, com sintomas como o prurido, dor ou envolvimento articular que contribuem para a diminuição da qualidade de vidas destes doentes.

É, portanto, essencial acabar com o estigma da doença. Apesar de nos últimos anos, o conhecimento da sociedade sobre a psoríase ter evoluído, existe ainda um grande caminho a percorrer e muitas barreiras a quebrar. É essencial investir na informação aos doentes, transmitindo-lhes esperança e que, apesar de não existir ainda uma cura para a doença, existem tratamentos eficazes.

É importante informa-los que não se devem conformar e que devem procurar ajuda médica. Com os tratamentos atualmente disponíveis é possível a resolução total ou quase total das lesões de psoríase assim como dos sintomas associados permitindo ao doente ter uma vida comparável ao da população sem psoríase.

Por isso, sim! É possível melhorar a qualidade de vida dos doentes com psoríase. Atuando na sociedade com campanhas de sensibilização, com o objetivo de diminuir a descriminação e estigmatização da doença, e atuando nos doentes, fazendo-os sentir-se mais confortáveis e confiantes com a sua patologia e com vontade de procurar um tratamento eficaz, temos a capacidade de lhes devolver a qualidade de vida perdida com a doença.

Por Tiago Torres, Médico Dermatologista no Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário do Porto e Professor Auxiliar Convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto