A perda auditiva em adultos é um dos problemas crónicos mais comuns e lamentavelmente a incidência aumenta com a idade. Afeta todos os segmentos da população, de todos os níveis socioeconómicos. Apesar de 80% dos portugueses considerarem a audição como o segundo sentido mais importante, atrás da visão, 40% dos portugueses nunca foram a uma consulta de otorrino.

Se por um lado, existe alguma despreocupação em relação a sintomas de perda auditiva, também se verifica algum preconceito em relação às pessoas que utilizam aparelho auditivo, uma vez que remete para um problema que afeta maioritariamente a população sénior.

Portugal é um país com uma população envelhecida, o que torna a perda auditiva num problema de saúde pública. Há cerca de um milhão de portugueses com perda auditiva, que se pode manifestar em qualquer altura da vida, com igual incidência em ambos os sexos.

No entanto, a maior parte das pessoas vai, de facto, perdendo a audição de forma progressiva à medida que a idade avança, o que explica a elevada ocorrência desta situação na população mais sénior. As últimas avaliações apontam para que 60% da população nacional, com mais de 65 anos, venha a sofrer desta complicação até 2015.

Exposição constante a fortes ruídos

A exposição constante a fortes ruídos e o desgaste natural do ouvido são os principais fatores na base do elevado número de pessoas que sofrem de perda auditiva cada vez mais cedo. É importante controlar a saúde auditiva para minimizar os riscos.

Recomendamos algumas medidas de prevenção: reduzir o número de aparelhos sonoros a funcionar ao mesmo tempo, não ouvir música com auriculares durante mais de uma hora por dia e manter o volume abaixo dos 60%.

Devemos ainda utilizar proteção auditiva quando em contacto com equipamentos ruidosos, ter especial cuidado com os ouvidos em caso de constipações, gripes ou infeções, usar tampões e secar os ouvidos depois do banho e na piscina, mas não com cotonetes. No caso de ser detetado algum atraso na aprendizagem ou na fala das crianças, devem ser realizados exames e consultado o médico especialista quando notada qualquer afeção nos ouvidos.

É essencial reter e compreender que já não é necessário viver com perda auditiva. Hoje em dia existem diversos aparelhos auditivos com tecnologia avançada e praticamente invisíveis, que ajudam a recuperar a sua audição de forma simples. O essencial é que, assim que notar que algo não está bem, deve procurar ajuda especializada para realizar um rastreio auditivo.

Os testes de audição medem a quantidade de som que podemos não ouvir. Existem diferentes tipos de testes e o especialista deve realizar os melhores testes para avaliar o ouvido. Os resultados dos testes de audição podem mostrar-se num gráfico chamado audiograma.

O teste de audição ajuda a encontrar o grau de problema auditivo, a possível causa da perda auditiva e também ajuda o seu médico a sugerir melhores opções de tratamento. A audiometria leva-se a cabo avaliando, a via aérea e a via óssea. A via aérea avalia a capacidade para detetar sons transmitidos através do ar, por meio de auriculares. A via óssea avalia a capacidade para detetar sons transmitidos através dos ossos da cabeça.

Neste caso utiliza-se um vibrador que se coloca por detrás da orelha. O teste auditivo mede o nível da perda de audição em decibéis. Este número dá-nos a indicação de quão forte tem que ser o som para que o possamos ouvir em comparação com as pessoas com audição normal.

Felizmente, graças à evolução tecnológica, 90% dos casos de perda auditiva têm, hoje em dia, uma solução simples, por isso, recomendamos: realize um rastreio auditivo regularmente para cuidar da sua saúde auditiva!

Por Dulce Martins Paiva, diretora geral da GAES – Centros Auditivos em Portugal