A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) não é uma doença única, mas sim um conceito mais abrangente de doença pulmonar crónica e progressiva que resulta da obstrução das vias áereas e que engloba doenças como a bronquite crónica e o enfisema pulmonar.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a DPOC afeta cerca de 64 milhões de pessoas no mundo. Em 2002 foi a quinta causa de morte a nível mundial mas a OMS prevê que passe para o terceiro lugar do ranking em 2030. A Sociedade Portuguesa de Pneumologia calcula que 5,42 % da população portuguesa entre os 35 e os 69 anos sofre desta síndrome. 
Os sintomas da DPOC incluem tosse acompanhada por expectoração, pieira, fadiga, dificuldade em respirar que se agrava ao longo do tempo podendo mesmo surgir com a realização de pequenos esforços, bem como o aparecimento de infecções respiratórias frequentes. 
A principal causa da DPOC é o fumo do tabaco, pelo que a primeira medida de prevenção e tratamento é deixar de fumar. Também constituem fatores de risco a exposição prolongada à poluição do ar, substâncias químicas e outros irritantes pulmonares.
O diagnóstico é realizado através do exame físico e história clínica do doente e confirmado com uma prova de avaliação da função respiratória, a espirometria. 
De acordo com a gravidade dos sintomas observados, a DPOC classifica-se em 4 estadios de desenvolvimento da doença: 0 – em risco; 1 – leve; 2 – moderada; 3 – grave; e 4 – severa, sendo que nos diferentes patamares da doença estão indicados diferentes tratamentos farmacológicos.

O oxigénio como terapêutica
No estadio mais severo da doença, a obstrução das vias aéreas pode levar a uma diminuição dos níveis sanguíneos de oxigénio (hipoxémia) bem como a um aumento dos níveis de dióxido de carbono (hipercápnia). A estas alterações dos gases no sangue, chama-se insuficiência respiratória. O organismo tenta compensar este déficit em oxigénio aumentando o trabalho respiratório bem como a frequência e o trabalho cardíacos, o que acaba por originar fadiga muscular, dificuldade em respirar, hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca. 
O oxigénio começou a ser utilizado como terapêutica em doentes com DPOC nos anos 50 mas só nos anos 80 é que os seus benefícios clínicos ficaram demonstrados. Dois estudos clínicos evidenciaram que a oxigenoterapia de longa duração (mais de 15 horas/dia) aumenta a sobrevida dos doentes com DPOC, melhora a tolerância ao esforço e desempenho cognitivo, reduz o trabalho cardíaco e respiratório e a hipertensão arterial. 
No entanto, na DPOC, a oxigenoterapia pode ser uma faca de dois gumes, uma vez que ocorre retenção do dióxido de carbono, fazendo com que a atividade do centro respiratório passe a ser mantida apenas pelos baixos níveis de oxigénio. Assim, embora estes doentes necessitem da administração de oxigénio para corrigir a hipoxémia e prevenir os seus efeitos adversos, esta não deve ultrapassar determinados níveis sob pena de conduzir a uma narcolépsia por retenção de dióxido de carbono, que pode ser potencialmente fatal. 
A utilização de oxigénio em repouso ou em esforço, em casa ou na rua, vai permitir ao doente de DPOC uma maior qualidade de vida e a realização de actividades do quotidano que, de outra forma, lhe seriam difíceis. 
Grande parte dos doentes de DPOC faz oxigenoterapia em contexto domiciliário, usando várias fontes diferentes de oxigénio, tais como garrafas de oxigénio, reservatórios de oxigénio líquido ou concentradores que filtram oxigénio a partir do ar atmosférico, de acordo com as suas necessidades de mobilidade, débito e utilização. 
O acompanhamento do tratamento deve ser realizado por equipas multidisciplinares que incluam farmacêuticos e outros técnicos de saúde e deve contemplar a monitorização e promoção da adesão, a prevenção de complicações e a verificação da eficácia terapêutica fazendo uso da informação recolhida nas visitas domiciliárias ou através de telemonitorização. De facto, estudos recentes demonstraram que doentes de DPOC a fazer terapêutica com oxigénio e ventilação incluidos num programa de teleassistência, tiveram menos hospitalizações e exacerbações, verificando-se benefícios clínicos e económicos.
Por Sandra Guedes, Farmacêutica Linde Healthcare