"Nos dois primeiros anos de vida, as doenças mais frequentes são sem dúvida as infecções gastrointes­tinais e as infecções respiratórias", explica a pediatra Marinela Teixeira.

Segundo a pediatra, "estas sestendem-se a outros grupos etários, digamos que até aos 10 anos de idade, em parceria com outras doenças infecto-contagiosas quer virais, quer bacterianas".

Conheça agora os cuidados básicos a que deve ter atenção.

Cuidados básicos

As preocupações dos pais não se prendem só com a saúde. Áreas como a segurança e o desenvolvimento também são motivos de inquietação durante os primeiros anos de vida dos filhos. Eis algumas medidas que vão aliviar o seu desassossego:

Alimentação

Para que o desenvolvimento físico e inte­lectual da criança seja um processo feliz, deverá proporcionar-lhe uma alimentação rica, variada e equilibrada. Uma criança bem alimentada cresce mais depressa e adquire as defesas necessárias para com­bater doenças e infecções. É aos pais que cabe a definição de hábitos saudáveis, logo a partir dos primeiros meses.

Segurança

Durante os primeiros anos de vida, man­tenha sempre objectos pequenos, remédios e produtos tóxicos longe do alcance das mãos, pois tudo que estiver ao seu alcance será levado a boca.

Não é por acaso que, nas embalagens dos brinquedos, existe informação sobre a idade para que estão aconselhados. Esta evita, por exemplo, que engulam pequenas peças ou que reajam mal às tintas utilizadas.

Sono

O sono é um elemento fundamental na criança. Habitue-a a um ambiente calmo e sossegado, para que consiga, de facto, descansar. E não se esqueça que as crian­ças precisam de muito mais horas de sono do que os adultos, portanto não se oriente pelos seus horários.

Higiene

Verifique a temperatura da água do banho, para evitar que a criança se queime. Até ganhar autonomia, nunca a deixe sozi­nha nem se distraia, pois pode escorregar e afogar-se. Utilize produtos neutros e esponjas suaves que protejam a pele (mais) sensível do seu filho.

O primeiro ano de vida

O nascimento de um filho é algo de mara­vilhoso na vida de um casal. Contudo, é também nos primeiros dias, semanas e meses de vida de uma criança que surgem as maiores dúvidas e inquietações dos pais.

A primeira consulta

A primeira consulta do bebé deve ser realizada, de preferência, na primeira semana de vida, depois de ter tido alta da maternidade. Este é sempre um momento de grande ansiedade, por isso, prepare-se para a ida ao consultório.

Antes de mais, os pais devem estar a par do seu historial clínico e partilhá-lo com o médico para que tenha conhecimento de eventuais doenças hereditárias e familiares (alergias, asma, diabetes...).

Nesta consulta, o médico avalia o desenvolvimento e o estado geral de saúde, a fim de detectar e encaminhar o quanto antes o tratamento de qualquer alteração.

Para além disso, temas como a alimentação saudável, a higiene, a vaci­nação, ou as formas como os pais podem ajudar os seus filhos a desenvolverem as suas capacidades são, também, abordados.

Cuidados de saúde

"Nos primeiros anos de vida predo­minam as infecções, a larga maioria de causa viral, sobretudo nas crianças que estão em creches e infantários. São geral­mente infecções respiratórias altas (nariz, faringe, adenóides, ouvidos), ou gastroen­terites. O tratamento é geralmente apenas sintomático", refere Mário Cordeiro.

"Em alguns casos pode haver necessidade de antibióticos e de outros tra­tamentos, como cinesiterapia", alerta. "As bronquio­lites são mais usuais no primeiro ano de vida e as alergias começam a manifestar-se geralmente depois dos 6 meses", acrescenta ainda.

As tarefas que não deve descurar

Existem certos procedimentos que deve ter em conta para preservar a saúde do seu bebé.

Por essa razão, siga agora as indicações das tarefas que deve ter em atenção.

  • Entre o 4º e o 7º dias de vida, a criança deve fazer o rastreio de doenças metabó­licas, o chamado teste do pezinho. Este teste permite detectar duas doenças graves (fenilcetonúria e hipotiroidismo), que podem ser tratadas, se diagnosticadas pre­cocemente.  
  • Durante o 1º mês de vida e se a vacina BCG (vacina que reduz a letalidade por formas sistémicas de tuberculose) não tiver sido administrada na maternidade, leve o bebé ao centro de saúde. 
  • Aos 2 meses, deve ser vacinado contra a poliomelite, a difteria, a tosse convulsa e o tétano.
  • Aos 4 meses, o bebé deve ser vacinado com a segunda dose das vacinas adminis­tradas aos 2 meses.
  • Entre os 4 e os 6 meses, os bebés podem desenvolver, com alguma frequência, pequenas doenças. Isto acontece porque é nesta idade que as crianças perdem as defesas que receberam da mãe durante a gravidez e ainda não desenvolveram as suas convenientemente. Contudo, não há motivo para alarme a não ser que a doença se prolongue por mais de dois ou três dias ou se tiver febre alta, diarreia, vómitos, prostração ou qualquer outro sintoma que revele não estar bem.
  • Aos 6 meses, deve ser vaci­nado com a terceira dose das vacinas administradas aos 2 e aos 4 meses.
  • Entre os 6 e os 7 meses, nascem os primeiros dentes da criança. Se achar conveniente, leve-a ao dentista. Deverá iniciar a escovagem desde essa altura, isto é, desde a erupção do primeiro dente. No primeiro ano de vida sem pasta dentífrica, só com água e escova", recomenda a pediatra Helena Porfírio.
  • Dos 6 aos 9 meses, é importante obser­var atentamente o seu filho. Repare se ouve bem, se tem os olhos desalinhados (estrabismo) e incentive-o a balbuciar.

Cuidados adicionais

O bem-estar de um bebé não se resume apenas a cuidados de saúde específicos como rastreios, consultas ou vacinas.

Exis­tem elementos na rotina da criança que fazem toda a diferença.

Higiene

O banho é um dos momentos mais apre­ciados pelo bebé, pelo que deve fazê-lo diariamente, salvo excepções, desde o dia do nascimento.

Tenha especial atenção à lavagem dos olhos que deve ser feita com compressas e soro fisiológico, para evitar conjuntivites. Se tiver dúvidas sobre os cui­dados com o umbigo e o banho do bebé, informe-se com o seu médico.

Alimentação

Dar de mamar é o melhor para a criança. É normal os bebés per­derem peso nos primeiros dias de vida e recuperarem-no até aos 15 dias. Também é normal o bebé ter cólicas e bolsar nos primeiros meses de vida. Isto não deve ser motivo de ansiedade para os pais.

A introdução de alimentos para além do leite deve ser iniciada entre os 4 e os 6 meses, em pequenas quantida­des. No entanto, o peixe e o ovo não devem ser introduzidos antes dos 6-7 meses.

Evite a comida demasiado condimentada e não lhe dê de comer nos intervalos das refei­ções. Em caso de alergia, aconselhe-se com o médico antes de introduzir novos alimentos. Para além disso, deve dar-lhe flúor bem como os suplementos vitamíni­cos aconselhados pelo médico.

Texto: Madalena Alçada Baptista
Revisão científica: Dr. Mário Cordeiro (médico pediatra e membro da Sociedade Portuguesa de Pediatria); Dra. Marinela Teixeira (médica pediatra da Administração Regional de Saúde de Lisboa) e Dra. Helena Porfírio (presidente da secção de Pediatria Ambulatória da Sociedade Portuguesa de Pediatria e pediatra no Hospital de Pombal)