Este estudo tem como objetivo avaliar as práticas contracetivas da população feminina nas idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos, inquirindo cerca de 4 mil mulheres.

Os resultados serão comparados com aqueles que se obtiveram em inquérito semelhante, aplicado em 2005, no intuito de melhor compreender as eventuais alterações ocorridas passada uma década. A investigação é da iniciativa das duas entidades científicas que se interessam pela área da contraceção, a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e a Sociedade Portuguesa de Contraceção (SPDC).

Portugal tem uma taxa de uso de contraceção superior a 70% compatível ao nível dos países europeus com melhor organização em saúde reprodutiva. Os estudos até hoje publicados refletem aquilo que experiência da prática clínica nos indica, é que a pílula é o método contracetivo que merece a preferência das mulheres portuguesas.

Importa contudo verificar se houve alguma evolução neste aspeto, ou seja se as vias de administração menos convencionais tais como o adesivo ou o anel vaginal viram a sua utilização aumentar ao longo destes 10 anos. É ainda importante analisar o que aconteceu relativamente aos denominados métodos contracetivos de longa duração tais como por exemplo, o dispositivo intra-uterino (DIU) e o implante subcutâneo.

Os dados de um estudo tão representativo da população feminina são também essenciais para perceber os motivos das mulheres relativamente aos métodos contracetivos, de que forma valorizam os seus benefícios e potenciais efeitos adversos. Estas informações são de extrema importância para que profissionais de saúde na área da ginecologia obstetrícia possam ter em conta o novo contexto e orientar o seu aconselhamento de modo a dar uma resposta adaptada às questões e necessidades dos casais.

A contraceção é um dos aspetos mais importantes da saúde reprodutiva permitindo às pessoas viver a sexualidade em pleno, dando-lhes a possibilidade de planear quando e com que frequência desejam ter os seus filhos. O planeamento familiar foi um marco na melhoria dos indicadores da saúde materno-infantil em Portugal e um legado de que as gerações atuais e futuras não podem ser privadas. Foi também um dos objetivos deste inquérito avaliar a acessibilidade à informação sobre sexualidade e contraceção, às consultas de planeamento familiar e à obtenção gratuita dos métodos contracetivos de acordo com o disposto na legislação portuguesa.

Este estudo, apoiado pela multinacional farmacêutica húngara Gedeon Richter, e respetivas conclusões serão apresentadas no XIII Congresso Português de Ginecologia, que comemora o 40º aniversário da SPG e se realiza de 4 a 6 de Junho, em Espinho.

Por Fernanda Águas, Médica Ginecologista/Obstetra e Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia