A contraceção na adolescência tem várias particularidades: apesar das adolescentes usarem contraceção eficaz (sendo a pílula o método mais utilizado), a adesão aos métodos contracetivos é mais baixa do que nas mulheres mais velhas, tornando-as num grupo suscetível de terem gravidezes indesejadas e infeções sexualmente transmissíveis.

A utilização de métodos contracetivos reversíveis de longa duração (LARC), como os dispositivos intrauterinos (de cobre ou hormonal) e o implante subcutâneo, cuja eficácia não depende da toma diária e são independentes da utilizadora, tem sido defendida com o objetivo de diminuir a taxa de gravidez não planeada.

O nosso estudo incluiu 496 adolescentes, com idades até aos 18 anos, que foram à consulta de saúde sexual e reprodutiva da Unidade de Adolescentes da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, entre janeiro de 2009 e maio de 2012, para aconselhamento. Destas, 59,5% optaram por um método de longa duração, sendo o implante subcutâneo o método mais escolhido (98,3% dos casos).

Satisfação e taxa de utilização

O objetivo principal deste trabalho foi avaliar a satisfação e a taxa de continuação destes métodos aos 3, 6 e 12 meses, tendo-se obtido taxas de satisfação de 92,5%, 90,5% e 87,1% e de continuação da utilização de 100%, 95,8% e 90,5%, aos 3, 6 e 12 meses, respetivamente.

A elevada taxa de satisfação está na base da continuação da utilização (com taxas de continuação ao final de um ano superiores às das mulheres adultas: 88% vs 90,5%) o que, aliado à elevada eficácia destes métodos, pode contribuir para uma redução do número de gravidezes não planeadas. De facto, nenhuma gravidez foi diagnosticada nas adolescentes avaliadas no nosso estudo.

Contudo, é importante relembrar que apenas o preservativo é eficaz na prevenção das infeções sexualmente transmissíveis, pelo que, particularmente nas adolescentes, se deve aconselhar a sua utilização aliada a um método mais eficaz na prevenção da gravidez.

O estudo vem também mostrar que, com o aumento da variedade dos métodos contracetivos existentes, estes são cada vez mais adaptados às preferências e diferenças de cada mulher, podendo a mulher optar pelo método contracetivo com que se sente mais confortável e aquele que mais se adapta às suas necessidades e estilo de vida.

Por Lúcia Correia, Médica Ginecologista Obstetra na Maternidade Dr. Alfredo da Costa