Cláudia Almeida, que trabalha no Centro de Investigação do Instituto Curie, em Paris, descobriu um mecanismo de regulação do tráfego de proteínas dentro das células do corpo humano que poderá ajudar no tratamento do cancro e da doença de Alzheimer.

A descoberta surgiu no âmbito de uma investigação liderada pela cientista portuguesa com o intuito de perceber as razões que levam algumas proteínas a não chegar aos seus destinos dentro das células, dando origem a determinadas patologias.

Cláudia Almeida concluiu que a proteína myosin 1b é responsável pela deformação das paredes do Golgi, a estrutura celular que cria e transporta moléculas aos seus destinos, o que provoca uma incorrecta distribuição das moléculas na célula.

Ao SAPO, a cientista esclareceu que a descoberta é importante na procura da cura para patologias como a doença de Alzheimer e do cancro, já que "perceber os processos celulares contribui para compreender de que forma as células deixam de funcionar e levam ao desenvolvimento destas doenças".

Segundo a cientista, o estudo, publicado em Junho de 2010 na revista Nature Cell Biology, é "particularmente interessante se considerarmos o número de doenças ligadas a distribuições aberrantes na célula", das quais as patologias neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, são exemplo. A autora da investigação explica que "percebendo-se os mecanismos responsáveis pela arrumação das moléculas é mais fácil entender os problemas por detrás das doenças".

"Até recentemente o Golgi era considerado uma simples extensão de outra estrutura celular, o Reticulo Endoplasmatico, mas agora sabe-se que é uma estrutura autónoma importante para uma correcta divisão celular, o que de imediato levanta a questão do seu papel no desenvolvimento de cancro e da doença de Alzheimer", indica a investigadora, focando a crescente relação entre problemas no Golgi e doenças neurodegenerativas.

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