Depois de uma mastectomia, muitas mulheres decidem efectuar uma cirurgia de reconstrução mamária. Está decisão não é pouco habitual, e quer seja por conforto ou para melhorar a auto-estima, deve pensar bem sobre o assunto antes de se sujeitar a tal procedimento.

Há dois tipos de reconstrução: realizada com o próprio tecido ou com recurso a um implante. Primeiro deve decidir o tipo que se adequa a si e que resultados espera.

Os implantes não são tão naturais como os seus próprios tecidos, mas a operação que é efectuada com implantes é executada mais rapidamente do que a reconstrução com tecidos autólogos, isto é, a reconstrução em que são usados tecidos retirados do seu abdómen ou das costas. Naturalmente, este procedimento é muito mais complexo e exigente.

É necessário efectuar mais do que uma operação

Antes de decidir avançar para a cirurgia de reconstrução mamária, tem de saber que por vezes é necessário efectuaram mais do que uma operação, mesmo que decida fazer a reconstrução imediatamente depois da mastectomia.

Isto acontece porque os cirurgiões nunca fazem a reconstrução mamária da aréola e do mamilo ao mesmo tempo. Primeiro tem de ser assegurada a simetria das duas mamas, já que a forma e o volume do peito são alteradas devido à mastectomia. Só depois é que podem reconstruir cirurgicamente a aréola e o mamilo.

Consulte o seu cirurgião

Discuta as suas opiniões com o seu cirurgião, para que saiba exactamente o que esperar da operação.

Ele ou ela deve explicar-lhe tudo sobre os riscos e as vantagens da operação em questão, e deve também ver fotografias de tais cirurgias. Vejas as fotografias de pacientes onde estejam patentes o antes e o depois da cirurgia de reconstrução mamária.

Pode também consultar o seu cirurgião sobre o tamanho e o tipo de implante que é mais adequado ao seu corpo. Antes da cirurgia, ele ou ela deve também fornecer-lhe informações sobre as cicatrizes, caso estas sejam visíveis.

Reconstrução mamária autóloga

Reconstrução com a ajuda de músculos abdominais

Este tipo de reconstrução com tecidos autólogos implica retirar músculo da zona inferior do abdómen. Normalmente, o músculo é redireccionado do abdómen para o peito, sob a pele, onde é moldado em forma de seio. No final, o cirurgião cose o corte no abdómen com pontos. A vantagem deste procedimento é um abdómen mais pequeno e estreito.

Reconstrução com a ajuda de tecidos das costas

À semelhança do que acontece com o músculo abdominal, o músculo retirado da parte superior das costas é redireccionado sob a pele, ou por outras palavras, é reposicionado no peito, onde é usado como bolsa para um implante, ou é moldado em forma de seio, não sendo neste caso necessária a utilização de um implante.

Os dois tipos de operação duram várias horas e é necessário efectuar mais cirurgias em ambos os casos. Muitas vezes, factores como o tabagismo, obesidade, diabetes ou doenças vasculares constituem obstáculos à realização da cirurgia.

Reconstrução mamária com implantes

A reconstrução mamária com implantes é mais comum do que a com tecidos autólogos, mas o seu cirurgião irá primeiro verificar se o seu corpo está apto para tal operação e dar-lhe-á antecipadamente toda a informação que necessitar.

Se o tecido do peito é demasiado rígido para a inserção de um implante, é possível que o seu cirurgião insira primeiro no seu peito os chamados «balões», e com a ajuda destes, os tecidos vão-se tornando progressivamente mais elásticos.

No caso dos balões, o cirurgião irá injectar-lhe uma solução salina no peito uma vez por semana, o que vai criar espaço para o implante de silicone.

Este tipo de preparativos, que depois serão substituídos por implantes, podem durar entre seis a oito semanas. As injecções são uma parte desagradável do procedimento. É bom que saiba que os implantes não duram para sempre e que têm que ser substituídos passados alguns anos.

As pacientes que foram tratadas com raios X são aconselhadas normalmente a não colocar implantes mamários. O aspecto positivo da cirurgia de reconstrução mamária com implantes é que não há qualquer possibilidade de reincidência do cancro nesse local, já que o tecido mamário foi praticamente todo removido.

Texto: I. M.

Foto: Photoxpress