Em geral, não se consegue detectar uma causa específica de hipertensão na grande maioria dos doentes. Quando a hipertensão arterial (HTA) não tem causa aparente, chama-se-lhe hipertensão essencial. Em estudos realizados nos Centros de Saúde, a HTA secundária, ou seja, com causa detectável, costuma  er inferior a 5%. No entanto, em certas séries hospitalares que recebem doentes mais graves, essa percentagem é superior.

Por este motivo (95% sem causa identificada), não é apropriado nem desejável, e nem sequer possível, investigar a causa em todos os indivíduos com HTA. Contudo, em casos seleccionados, especialmente os doentes resistentes à terapêutica, os casos mais graves e os hipertensos jovens, ou em que se levante qualquer suspeita clínica, devem ser investigados, no sentido de detectar causas curáveis de hipertensão. Como nestes casos a cura da doença é possível, os exames para pesquisa da causa de HTA devem, por isso, ser realizados se houver sinais ou sintomas suspeitos.

HIPERTENSÃO ARTERIAL ESSENCIAL

Hoje pensa-se que a hipertensão arterial é devida a uma combinação de factores hereditários, ambientais e de erros no estilo de vida. Não devemos esquecer que os factores hereditários não são modificáveis, mas o estilo de vida é. A adopção de um estilo de vida saudável não só é benéfico em termos de prevenção e controlo da HTA, como de diversas outras doenças não transmissíveis (cancro ou diabetes) e bem como assim da saúde em geral.

Existe todo um conjunto de erros no estilo de vida que condicionam, nos
indivíduos susceptíveis, o aparecimento e/ou o agravamento da HTA ou
suas complicações.

Excesso de consumo de sal

A maior parte dos Portugueses consome sal em excesso. O consumo de sal
em Portugal era, até há poucos anos, superior em mais de duas vezes ao
consumo médio «per capita» dos outros países do Mercado Comum Europeu. Pensa-se que o consumo excessivo e desnecessário de sal contribui para o
desenvolvimento da HTA nos países industrializados (as civilizações que
não consomem sal, não sofrem de hipertensão).

Excesso de peso corporal

A HTA é muito mais frequente nos indivíduos com excesso de peso e obesos
e está, nestes indivíduos, associada a outros factores de risco
cardiovascular. Está calculado que uma redução de 5 Kg no peso corporal
se acompanha de um descida da pressão arterial de 10 mmHg para a pressão
sistólica e de 5 mmHg para a diastólica. Esta descida permite controlar
a maioria dos hipertensos ligeiros.

Excesso de álcool

Sabe-se hoje que três ou mais copos de vinho (ou o equivalente em outras
bebidas alcoólicas) contribui para elevar a pressão arterial. Está bem
demonstrado que, quando se reduz o consumo de álcool, a pressão arterial
desce.

Sedentarismo

O exercício físico regular reduz a pressão arterial em cerca de 10 a 15
mmHg. A actividade física proporciona outros benefícios tais como ajudar
a controlar o peso, reduzir a tensão provocada pelo stress, condicionar
um sono mais profundo, melhorar a disposição e elevar as HDL
(colesterol bom).

Tabaco

O hábito de fumar eleva a pressão arterial e agrava os efeitos nocivos
da hipertensão sobre as paredes das artérias, acelerando a
aterosclerose. Há estudos que demonstram que, nos casos de HTA ligeira e moderada, o benefício obtido pelo abandono do tabaco é até superior ao da própria terapêutica farmacológica antihipertensora.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA

As causas da hipertensão secundária, embora relativamente raras, têm
grande importância por serem potencialmente curáveis.

Referimos em
seguida as causas mais importantes:

Doenças do rim

Nem todas as doenças renais se associam a HTA mas, por outro lado, elas são a principal causa de HTA secundária conhecida, sobretudo as doenças do parênquima renal. A estenose (estreitamento) da artéria renal é uma causa relativamente rara, mas que se diagnosticada, pode, em muitos casos, ser curada cirurgicamente ou, mais recentemente, por angioplastia (dilatação da artéria estreitada, com um catéter que
tem um balão insuflável na ponta, ao jeito do que se faz com a doença
coronária).

Doenças endócrinas

São muito raramente causa de hipertensão. As mais frequentes actuam através de uma produção hormonal aumentada pelas suprarenais, geralmente por um tumor que pode ser removido cirurgicamente, como por exemplo, o hiperaldosteronismo primário, o feocromocitoma ou mesmo a síndrome de Cushing.

Doença iatrogénica

Anticonceptivos orais. Quase todas as mulheres que tomam a pílula sofrem
uma elevação, mesmo que ligeira, da pressão arterial. Num pequeno
número de casos, essa elevação pode ser considerável e levar a HTA.

Para proteger a sua saúde, fique também informado sobre:

O que é a tensão arterial
Os riscos da hipertensão arterial
Formas de detecção e controlo da hipertensão arterial
Medidas não farmacológicas e tratamentos farmacológicos da tensão arterial

Texto: Prof. Manuel Carrageta, médico cardiologista e presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia


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