O cancro do esófago é uma doença devastadora cuja incidência tem vindo a aumentar no mundo ocidental, sem melhoria significativa das taxas de sobrevivência.

A baixa taxa de sobrevivência deve-se ao diagnóstico tardio pois quando surgem sintomas o tumor já se encontra disseminado e pode ser fatal. É um dos cancros mais silenciosos, o que cria uma grande barreira entre o diagnóstico e o tratamento precoce.

O elevado consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo são dois factores de risco que, associados, aumentam a probabilidade da doença surgir. Outras condições que podem predispor para uma maior incidência de cancro do esófago, segundo Paulo Cortes, coordenador da Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas, incluem a ingestão de bebidas quentes e o refluxo gastroesofágico (e o consequente esófago de Barrett).

«Esta é uma doença na qual há uma alteração nas células da porção inferior do esófago causada por uma exposição prolongada ao conteúdo ácido proveniente do estômago», fundamenta o especialista.

Sintomas que não deve ignorar

O cancro do esófago, na sua fase inicial, não apresenta sintomas. Ainda assim, Paulo Cortes identifica alguns sinais característicos como, por exemplo, «a dificuldade ou dor ao engolir, a dor retroesternal, a dor torácica, a sensação de obstrução à passagem do alimento, as náuseas, os vómitos e a perda do apetite».

Muitas vezes, a dificuldade de engolir (disfagia) já indicia a presença de um tumor em estádio avançado. «A disfagia progride geralmente de alimentos sólidos até alimentos pastosos e líquidos», explica.

Como detectar

Como não apresenta sintomas específicos, a detecção precoce deste cancro é extremamente difícil. «Pessoas que sofrem de algumas patologias como, por exemplo, o refluxo gastroesofágico e o esófago de Barrett apresentam maior  probabilidade de desenvolver o tumor, e por isso, devem procurar o seu médico regularmente para a realização de exames periódicos», defende Paulo Cortes.

O diagnóstico é feito através da endoscopia digestiva alta com biopsia associada.

Formas de tratamento

O tratamento pode ir desde a cirurgia, à radioterapia, à quimioterapia ou à combinação destes três tipos, dependendo do caso individual.

É possível prevenir o cancro do esófago

1. Promova uma alimentação rica em frutas e legumes.

2. Evite o consumo frequente de bebidas quentes.

3. Não consuma bebidas alcoólicas e tabaco (sobretudo, em conjunto).

4. Evite os alimentos fumados.

Texto: Cláudia Pinto com Paulo Cortes (coordenador da Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas)