Uma equipa internacional com investigadores da Universidade de Coimbra estudou, em animais, os efeitos da cafeína consumida na gravidez a nível do cérebro das crias.

«Reproduzimos, em ratos fêmeas, o consumo regular de café em doses equivalentes ao consumo humano de três chávenas por dia, durante toda a gestação e até ao desmame das crias, conta Rodrigo Cunha, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

«Os ratinhos jovens mostraram maior suscetibilidade de desenvolver epilepsia e, quando atingiram a idade adulta, problemas de memória espacial», conta o investigador.

Sobre as causas desta situação, Rodrigo Goveia explica que «a cafeína faz diminuir a velocidade de migração de neurónios que libertam o principal mediador químico inibidor do cérebro (gaba), bloqueando a ação do recetor específico a2a. assim, esses neurónios, que depois de formados migram para o hipocampo, fundamental na formação da memória, chegam mais tarde ao destino, o que afeta a construção cerebral».

«Os resultados questionam o consumo de cafeína por grávidas, mas não podem ser extrapolados para a população humana», conclui.