A seguir a deixar de fumar e manter o peso adequado, a estratégia mais importante para a redução da incidência e mortalidade por cancro é tomar uma Aspirina por dia. Já vários estudos tinham apontado para o efeito anticancerígeno da molécula, inventada há mais de cem anos mas, agora, um artigo publicado na revista científica Annals of Oncology veio demonstrar o impacto da toma profilática de aspirina. Analisando dezenas de estudos, divulgados ao longo de 20 anos, o cientista Jack Cuzick, da Universidade de Londres Queen Mary, em Inglaterra, chegou a conclusões surpreendentes.

As investigações apontam para uma redução de 35% nos casos de cancro do intestino, com 40% de diminuição da mortalidade. Para os cancros do pulmão, a próstata ou a mama também há benefícios, apesar de serem mais modestos. Os efeitos começam ao fim de três anos de toma diária, em doses de 75 a 325 miligramas. A partir dos cinco anos, os resultados já são bastante significativos e, ao fim de uma década, atinge-se o benefício máximo.

O medicamento, que começou por ser utilizado como anti-inflamatório e analgésico, já era reconhecido como protetor contra eventos cardiovasculares, reduzindo o risco em 12%. Ganha agora uma nova indicação, para pessoas com idade superior a 50 anos, sublinha o coordenador do estudo. No artigo, chama-se a atenção para os efeitos secundários da aspirina, sendo o principal as hemorragias. «Ninguém deve iniciar a toma sem consultar o médico», alerta o cientista.