Na verdade ambas as patologias são crónicas e afetam o aparelho respiratório, tendo uma frequência significativa em Portugal. A dificuldade de identificação destas patologias deve-se maioritariamente à semelhança dos seus sintomas; no entanto, as causas, a evolução, as comorbilidades associadas, a idade em que estas patologias mais frequentemente se manifestam e o tipo de tratamento específico de cada uma são marcas que permitem a necessária distinção entre ambas.

O diagnóstico passa sempre por uma avaliação médica, mas é importante que exista uma consciencialização da população acerca das diferenças entre a Asma e a DPOC, tendo em conta que a forma como um paciente interpreta a sua dificuldade respiratória e a importância que lhes atribui podem contribuir para um diagnóstico adequado e atempado.

Tal como a asma, a DPOC em particular reduz significativamente a qualidade de vida do doente e necessita de acompanhamento constante devido ao seu carácter progressivo, com danos irreversíveis, algo que não se verifica na maioria dos casos de asma depois de estar corretamente diagnosticada e controlada.

Na verdade a asma é uma doença geralmente reversível, o que se consegue através do tratamento adequado; o seu diagnóstico sucede na maioria dos casos da infância ao adulto jovem. Ao contrário do que sucede com a DPOC, a asma está muito associada a fatores genéticos e são as sensibilizações alergénicas e as infecções virais que desencadeiam a maioria das crises. Embora não seja tão frequente, os pacientes asmáticos podem ser diagnosticados em idades mais avançadas, nomeadamente após os 40 anos, sendo então por vezes erradamente diagnosticados como DPOC.

As comorbilidades mais comumente associadas à asma são a rinite, a conjuntivite e o eczema atópico. Mas se os sintomas associados à asma são algo semelhantes aqueles que se associam à DPOC, existe uma diferença crucial: enquanto a tosse, com ou sem expectoração, a pieira, a dispneia, apresentam-se na asma por episódios, na DPOC estes sintomas são crónicos, permanentes e a tendência é de aumentarem de intensidade à medida que a doença evolui e o paciente envelhece.

A DPOC atinge geralmente indivíduos acima dos 40 anos e manifesta-se por uma obstrução crónica e permanente, irreversível, do fluxo aéreo, estando altamente associada a hábitos tabágicos.

A medicação administrada em pacientes diagnosticados com DPOC poderá diminuir o impacto dos sintomas e retardar a progressão da doença. Mas para que a medicação administrada seja eficaz, e se melhore o prognóstico, é altamente recomendado que o paciente deixe qualquer hábito associado ao tabaco e atente à exposição passiva ao fumo e a ambientes com qualidade de ar de má qualidade.

A DPOC tem igualmente muitas comorbilidades associadas, diferentes das da asma, e que podem agravar muito a qualidade de vida dos doentes. E podem surgir com frequência quadros de pneumonia, com consequências clínicas e funcionais devastadoras.

Asma e DPOC são patologias obstrutivas crónicas que apresentam resposta positiva, total ou apenas parcial à inalação de broncodilatadores, no entanto são quadros clínicos com necessidades de abordagem diferentes, que necessitam de acompanhamento médico regular, específico para cada uma das doenças, melhorando assim a sua progressão, prevenindo as consequências nas atividades diárias e no estado psicossocial do paciente. Este é o principal motivo pelo qual é necessário que se efetue um diagnóstico adequado e se distingam ambas as doenças de forma precisa.

Por Mário Morais de Almeida, Médico Imunoalergologista e Presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos