O linho contém ácidos gordos
insaturados (ómega 6 e
ómega 3),
mucilagem, proteínas e pequenas
quantidades de linamarina, fitosteróis
e celulose.

As mucilagens têm uma acção
laxativa e emoliente (que amacia
ou acalma a pele), anti-tússicas e
anti-espasmódicas, especialmente
do estômago e intestino.

As sementes, quando ingeridas
inteiras, aliviam irritações do aparelho
digestivo. Como absorvem
fluídos e incham, formam uma
massa gelatinosa, que actua como
laxante em função do aumento de volume,
sendo muito útil no tratamento de
obstipação crónica, pois não causa qualquer
irritação na mucosa intestinal.

Esta planta é ainda uma excelente fonte de ómega 3,
contendo seis vezes mais quantidade
que alguns peixes.
O seu consumo regular deveria ser
incluído na nossa dieta, evitando
assim os riscos de altos níveis
de colesterol, trombose e outros
problemas cardio-vasculares,
arterosclerose, problemas de asma
e bronquite.

Em uso externo, é útil em cataplasmas
sobre o peito, aliás as chamadas
papas de linhaça eram uma
prática comum em várias regiões
do país). É também um expectorante eficaz,
ajudando no alívio das
dores peitorais. Estes cataplasmas
utilizam-se ainda para extrair
as impurezas dos furúnculos e
absessos. Estudos recentes comprovaram
que o uso regular de sementes de
linhaça ajuda a combater o cancro
da mama e o alastramento das
metástases. Também poderá ser
útil contra o cancro do cólon, da
próstata e do útero.

Conselhos de utilização

Três colheres de sopa diárias de sementes de linhaça trituradas
garante a quantidade necessária de ómegas 3 na nossa dieta.
Para regularizar a função intestinal e problemas de estômago, pode também demolhar uma colher de chá de sementes durante a noite em
água fria ou morna e tomar de manhã, ingerindo também as
sementes inteiras.

As sementes encontram-se à venda em qualquer loja de produtos
dietéticos. Não ultrapasse as doses recomendadas nem
consuma as sementes ainda verdes, uma vez que estas podem ser tóxicas.

Das múmias à pintura

O linho (Linum usitatissimum
L.
) foi uma das
primeiras plantas no
mundo a ser domesticada e cultivada. Os antigos mesopotâmicos
foram quem primeiro se dedicou
ao cultivo desta planta, cerca de
5.000 anos antes da Era Comum.

Depois, foram os
egípcios, que utilizavam os tecidos
de linho para envolver as múmias. Mas foram provavelmente os
romanos os responsáveis pela
expansão do cultivo do linho pelos
outros povos da Europa, que adoptaram
as suas sementes para usos
terapêuticos e para o fabrico de
tecido a partir das suas resistentes
fibras.

Veja na página seguinte: A cura eficaz para muitos males

Na Idade Média, os pintores
substituíram uma parte do ovo,
então utilizado na composição da
têmpera, por óleo de linhaça cozido
e decantado ao sol, o que veio
tornar as cores mais brilhantes e
fáceis de usar.

A utilização das sementes do
linho, nomeadamente a linhaça, encontra-se
mencionada em vários herbários
antigos como cura eficaz para
muitos males.

O linho pertence à família das lináceas
e é uma planta anual que pode
atingir um metro de altura. Tem
caule fino, erecto e esguio, folhas
lanceoladas, pequenas flores de cor
azul-celeste e pequenas sementes
castanhas.

A planta é nativa das
zonas temperadas da Europa e da
Ásia e estendeu-se a quase todo
o Mundo. Em Portugal, é plantado
um pouco por todo o lado, até 800
metros de altitude. É mais comum
no Norte mas pode ainda ser
encontrado em estado subespontâneo
no continente e Madeira.

Embora muito cultivado, este linho
não suplantou, contudo, a espécie espontânea
(Linum angustifolium Huds.).
Existe ainda o linho-purgante
(Linum catharticum L.), que é uma
planta com minúsculas flores
brancas.

Texto: Fernanda Botelho