A Glycyrrhiza glabra (em inglês, licorice) é considerada uma das mais importantes plantas a nível terapêutico, sendo o seu espectro de utilização bastante amplo. As suas propriedades benéficas têm sido exaustivamente investigadas, mas o seu uso data de há vários séculos. Existem, por exemplo, referências bibliográficas às virtudes do alcaçuz por parte dos gregos.

O alcaçuz é uma planta selvagem, mas atualmente é cultivada em grande escala, devido ao valor da sua raiz. É habitual encontrá-lo no Sudeste Europeu e na Ásia. Uma das utilizações mais comuns desta planta é como agente edulcorante, visto possuir um poder adoçante 50 vezes superior ao da sacarose (açúcar).

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Daí a origem do seu nome, Glycyrrhisa, do grego glykys que significa doce e riza, raiz. Devido ao seu elevado poder adoçante, são muito comuns os doces elaborados à base de alcaçuz. Atualmente, é utilizado em grande parte por industrias de fabrico de cerveja, tabaco, confeitaria, entre outras.

Dezenas de propriedades medicinais

No que respeita a fitoterapia, o alcaçuz revela-se bastante útil a vários níveis. O princípio ativo mais importante desta planta é glicirrisina ou ácido glicirrísico, que corresponde normalmente a cerca de 6 a 10 por cento. Este constituinte confere ao alcaçuz propriedades expectorantes, antitússicas, anti-inflamatórias e emolientes.

Esta planta é também rica devido ao seu elevado teor de flavonóides que dão ao alcaçuz características antiespasmódicas, antibióticas, digestivas e cicatrizantes. O alcaçuz possui ainda vitaminas do complexo B, açúcares e resinas.

Tradicionalmente, o alcaçuz é utilizado na melhoria dos problemas digestivos, pois exerce uma ação positiva sobre o estômago, ao acalmar a acidez e anulando a sensação de enfartamento. Assim, esta planta é maioritariamente usada em todo o tipo de dispepsias, meteorismo, cólicas intestinais e biliares e gastrite. A raiz de alcaçuz é também um útil cicatrizante de úlceras do estômago e do duodeno.

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Esta planta atua ao formar uma película protetora sobre a mucosa do estômago, protegendo-a da ação corrosiva do suco gástrico, beneficiando uma cicatrização mais rápida. Em casos de estomatites, os bochechos podem também revelar-se eficazes.

O alcaçuz pode ainda beneficiar em casos de afeções respiratórias, como a bronquite, tosse, afeções dos brônquios, faringite, laringite e rouquidão. Esta planta atua ao facilitar a expectoração, acalmando a tosse e desinflamando as vias respiratórias. Possui uma ação antibiótica contra as bactérias que afetam os brônquios.

Recentemente, têm sido realizados inúmeros estudos sobre esta planta quanto à sua possibilidade de auxiliar o tratamento de viroses (nomeadamente o HIV, a hepatite B e o herpes) e, também de cancro, nomeadamente da próstata. Segundo alguns autores, o alcaçuz é ainda útil nas curas de desintoxicação do tabaco porque ajuda a regenerar as mucosas respiratórias.

É necessário, porém, referir que o alcaçuz (nomeadamente o ácido glicirrísico) contém uma substância esteróide que estimula as glândulas supra-renais. Por esta razão, quando ingerido em grandes quantidades ou durante grandes períodos de tempo (mais de três meses seguidos), pode produzir sintomas de hiperaldosteronismo: retenção de líquidos (edemas), enjoos, dores de cabeça, cãibras e hipertensão arterial. Assim, o consumo desta planta é desaconselhado em caso de hipertensão arterial, gravidez ou casos de tratamentos com corticóides.

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Contudo, atualmente, existe no mercado alcaçuz disglicerrisado, que contém quantidades mínimas de ácido glicirrísico (menos de 1 por cento), mas que mantém os seus restantes constituintes. Esta forma é mais aconselhada pois evita os efeitos secundários acima referidos.

Como usufruir da planta?

Pode usufruir dos benefícios desta planta de várias formas. Por infusão (50g de raiz por 1 litro de água) deve tomar cerca de 3 a 4 chávenas por dia. Pode simplesmente ingerir o extrato de alcaçuz que se encontra disponível no mercado sob a forma de gomas de cor preta e de sabor bastante acentuado. Esta planta apresenta-se também sob a forma de cápsulas.

Se acha que pode beneficiar das propriedades do alcaçuz, não se esqueça de que o conselho do seu médico ou técnico de saúde é essencial e imprescindível.

As explicações são do médico Pedro Lôbo do Vale, especialista em Medicina Geral e Familiar.