Todos os anos, a gripe sazonal afeta cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo e julga-se que destes possam falecer cerca de meio milhão.

Esta é uma doença contagiosa, muito comum nos meses mais frios, que, na maior parte das vezes, se cura espontaneamente. No entanto, podem ocorrer complicações, particularmente em pessoas com determinadas doenças crónicas ou com idade igual ou superior a 65 anos.

A complicação mais frequente da gripe é a sobreinfecção bacteriana por S. pneumoniae, H. influenzae ou S. aureus e é mais frequente nos grupos de risco referidos. A pneumonia por vírus Influenza é menos frequente mas tem uma elevada letalidade. Em Portugal, as epidemias anuais de gripe sazonal ocorrem nos meses de outono e inverno com pico de atividade mais frequente nos meses de dezembro a fevereiro.

A vacinação é uma opção eficaz disponível para prevenir a gripe sazonal e as suas complicações o que determina ser prioritário assegurar a maior cobertura possível nos grupos de risco. Em paralelo com outras sociedades científicas, a Direcção-Geral de Saúde recomenda, para a época gripal 2012-2013, a vacinação prioritária das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.

A lista inclui ainda doentes crónicos (patologia respiratória, cardiovascular, renal, hepática, hematológica, diabetes e/ou obesidade mórbida, entre outras) e imunodeprimidos (infecção por VIH e transplantados, entre outros.), crianças a partir dos seis meses de idade, grávidas com tempo de gestação superior superior a 12 semanas e ainda profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, designadamente lares de idosos.

Este último grupo deve ser vacinado pela probabilidade acrescida de transmitir o vírus aos outros indivíduos que apresentam um alto risco de desenvolver complicações pós-infeção gripal. Todos eles são considerados grupos de risco prioritários e como tal alvo de vacinação gratuita. A lista não se fica, contudo, por aqui.

Outros grupos que devem ser vacinadas, mediante prescrição médica e de acordo com cada caso individual, são os coabitantes e prestadores de cuidados a crianças com menos de seis meses de idade que tenham risco elevado de desenvolver complicações.

Pessoas com idade entre os 60 e os 64 anos e adultos obesos (IMC>30kg/m2) também devem ser vacinadas.

As pessoas vacinadas na época anterior devem, também, ser vacinadas em 2012/2013 porque, apesar da composição da vacina ser semelhante, a imunidade conferida não é duradoura, como se tem vindo a comprovar ano após ano.

As vacinas existentes no mercado são eficazes e seguras e não provocam a doença porque não contêm vírus vivos. A reação adversa mais frequente é o endurecimento no local da inoculação. Pode também ocorrer febre, mal-estar e mialgias no período de 6 a 12h após a vacinação com duração de um a dois dias. As reações alérgicas são raras.

As contraindicações à vacina contra a gripe incluem antecedentes de uma reação grave a uma dose anterior da vacina e antecedentes de reação anafilática a qualquer dos componentes da vacina, nomeadamente dos excipientes ou às proteínas do ovo, além de antecedentes de Síndroma de Guillan-Barré nas seis semanas seguintes a uma dose anterior da vacina, pelo que a decisão de vacinar pessoas nestas condições deve ser ponderada caso a caso.

A vacina deve ser feita preferencialmente em outubro. Se tal não acontecer, tem, igualmente, indicação para ser administrada logo que possível , durante todo o outono e inverno. São, também, consideradas essenciais as medidas que reforçam a higiene das mãos, tal como as regras de etiqueta respiratória como tossir ou espirrar para um lenço descartável ou para o antebraço. A vacinação da gripe, além da protecção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada diminui-se significativamente a transmissão da doença.

Texto: José Carneiro (pneumologista)