Se tem medo de visitar o seu médico dentista saiba que não está só. Uma percentagem considerável da população enfrenta estas consultas com alguma ansiedade.
Não será do seu médico que tem medo mas de tudo o que este lhe faz: brocar, restaurar, cobrar... Mas quanto maior for o medo do dentista, maior será a tendência em adiar as consultas e piores são as consequências para a saúde oral.
É crucial identificar a origem do medo para tentar contorná-lo. Baseado na pergunta “De que gosta menos no dentista?”, reuniram se as 10 principais razões pelas quais as pessoas evitam visitar o seu médico dentista. Veja se se identifica.

Nº1. A agulha: Algumas pessoas e muitas crianças têm pavor de agulhas e injecções. No entanto, alguns tratamentos dentários podem ser realizados sem anestesia. Alguns tratamentos minimamente invasivos normalmente não causam dor pelo que se pode dispensar a sensação de torpor pós anestesia. No entanto, para tratamentos mais invasivos o controlo da dor é indispensável.
Nº2: A dor: “Vai doer?” é a questão que muitos se colocam quando se sentam na cadeira do dentista. Os tratamentos dentários modernos devem ser confortáveis. Ninguém gosta de sofrer e se alguma vez teve dor de dentes sabe que se pode tornar se quase insuportável. É a razão pela qual tantas pessoas associam os médicos dentistas à dor. Algumas pessoas têm experiências passadas de dor no dentista e não querem voltar a sentir o mesmo.
Nº3: A ansiedade: A ansiedade é o sentimento de temor e a apreensão geral antes e durante a consulta. Por vezes o sofrimento começa antes da pessoa entrar no consultório. Mesmo quando não envolve dor, a ameaça de dor o entorpecimento causado pela anestesia, por não saber o que o dentista vai fazer e por não saber quanto dinheiro terão de gastar aumentam o nervosismo. Este pode manifestar se em algumas pessoas como suores frios, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial ou como o oposto, com queda de pressão e palidez. 
Para limitar este fenómeno, peça ao seu médico dentista para lhe explicar cada passo do tratamento e combinar com ele um sinal para que interrompa a ação caso a dor fique muito forte; geralmente, o fato de sentir que tem a situação sob controlo ajuda a sentir-se mais seguro. 
Nº4: As brocas: Algumas pessoas não se importam de ir ao dentista mas detestam o som das brocas. Mal ouvem o som da turbina começam a ter suores frios. Felizmente as mais recentes são mais silenciosas e suaves do que as versões irritantes de antigamente. Lembre-se que dentro da boca os sons tendem a ser amplificados. Ouvir música com fones pode ajudar a ignorar o som e a abstrair-se.
Nº5: A invasão: O médico dentista trabalha dentro da sua boca, o que pode ser sentido como uma invasão do espaço privado. A boca ocupa um espaço relevante no imaginário: representa a porta que separa o interior do exterior. A sensação de impotência, com a boca aberta, nem sequer poder falar, contribuem também para o mal-estar.

Nº6: O barulho e o cheiro: Algumas pessoas detestam o cheiro a antiséptico dos consultórios médicos pelo que alguns médicos dentistas tentam tornar o ambiente mais agradável eliminando odores e pondo uma música de fundo relaxante.
Nº7: O preço: Todos gostam de cuidados excepcionais mas para algumas pessoas até os tratamentos mais básicos não são acessíveis. Não poder ter acesso a cuidados de saúde decentes pode ser perturbador. Enquanto certas pessoas não têm o orçamento necessário para o tratamento que necessitam outras não valorizam a sua saúde oral. Por vezes, mesmo que possam pagar, ficam frustrados porque prefeririam utilizá-lo para algo que lhes trouxesse mais prazer. 
No entanto, não nos podemos esquecer que problemas da cavidade oral podem ter consequências dramáticas na saúde em geral.
Nº8: As repreensões: Ir ao dentista é suficientemente stressante sem que as pessoas que são supostas ajudá-lo o façam sentir ainda mais culpado e envergonhado com a sua situação. A última coisa que quer é ser repreendido e razões para sentir-se pior. Escolha uma equipa de médicos dentistas determinados em melhorar a sua saúde mas também o seu bem-estar.
Nº9: Um mau serviço: Geralmente, onde existe um bom serviço existe uma maior qualidade pois está relacionado com uma procura da excelência da parte de todos os membros da equipa médica, que abranja todos os aspectos do atendimento. Tudo conta.
Nº10: As más recordações: Se teve más experiências no dentista enquanto criança é provável que cada vez que entra num consultório reviva os acontecimentos infantis. As memórias emocionalmente intensas são potentes e difíceis de apagar. A confiança no seu novo médico dentista pode ajudá lo a ultrapassar essa ansiedade. Entre o médico dentista e o paciente deve existir uma relação de profunda confiança. Se necessário, procure outro especialista com o qual se sinta mais à vontade.
A boa notícia é que a medicina dentária está mais avançada e confortável do que nunca. A ciência e a tecnologia evoluiram, bem como a consciência da importância de manter uma relação de respeito e confiança com os pacientes. Claro que por mais agradáveis que sejam os, os consultórios dentários nunca serão o seu local de visita preferido. No entanto, deixaram de ser tão assustadores como antigamente. 
Lembre-se, uma higiene oral correta e consultas de rotina permitem reduzir a necessidade de tratamentos mais invasivos e portanto mais temíveis.
E você? Que parte da visita ao dentista o/a mais o/a preocupa? 
Por Hugo Madeira, Médico Dentista