Na Suécia, foi desenvolvida uma terapêutica inovadora que permite, através da toma de coenzima Q10 e de selénio, reduzir o risco por morte cardiovascular em aproximadamente 50%. Apesar de já se saber que, em separado, estas substâncias, normalmente usadas em suplementos dietéticos, têm a capacidade de contrariar o stresse oxidativo característico nos doentes com falência cardíaca, o estudo comprovou que apenas se obtêm os resultados desejados através da sua combinação.

Que substâncias são estas?

A coenzima Q10 desempenha com uma função muito importante no nosso metabolismo energético, na medida em que transforma os nutrientes em energia para as células. Embora esta molécula seja produzida pelo nosso fígado, à medida que envelhecemos a sua produção diminui. A carência desta coenzima está associada tanto a fadiga como a falta de força muscular.

Além disso, graças às suas propriedades antioxidantes, o seu consumo insuficiente pode estar na causa do envelhecimento precoce e de outras doenças degenerativas. Veja a lista de 15 alimentos ricos em coenzima Q10.

O selénio, por seu lado, é um mineral existente na natureza, presente nos solos e alimentos, essencial ao bom funcionamento do nosso organismo, pois tem funções antioxidantes e a nível imunitário e regula as glândulas, nomeadamente a tiroide. Este é um micronutriente é um dos constituintes das proteínas, nomeadamente, as selenoproteínas. Veja a lista de 20 alimentos ricos em selénio.

O que aconteceu?

O estudo pioneiro, publicado no International Journal of Cardiology, foi desenvolvido por investigadores da Universidade de Linköping e do Instituto Karolinska na Suécia e contou com a participação de 443 indivíduos com uma idade média de 78 anos. Os participantes, submetidos a uma monitorização ultrassónica da função cardíaca, foram divididos em dois grupos.

A um foram administradas diariamente quatro cápsulas de suplementos alimentares com coenzima Q10 (200 mg) e levedura de selénio (200 mcg), enquanto o outro grupo tomou apenas um placebo, um suplemento nutricional que não integrava nenhuma dessas substâncias.

Quais os resultados do estudo?

No primeiro grupo, foi registada uma redução de 54% do risco de doenças cardiovasculares face àqueles que não tomaram o complemento nutricional rico em selénio e coenzima Q10. Ao longo dos quatro anos de duração do estudo, nem os pacientes nem os médicos sabiam qual o tipo de medicação a que cada grupo estava submetido.

Durante a investigação, cerca de metade amostra de voluntários desistiu da experiência e, daqueles que permaneceram, apenas 6% dos que tomaram a combinação de coenzima Q10 e de selénio morreram, comparando com 12% do grupo que tomou placebo. Os cientistas registaram, ainda, melhores valores no que toca à função cardíaca e aos níveis de stresse cardíaco.

No entanto, apesar dos resultados terem sido considerados satisfatórios e do reconhecido impacto que estes têm na medicina preventiva, este foi um estudo pequeno e serão necessários mais ensaios clínicos. «Os participantes do primeiro grupo demonstraram ter níveis bastante mais baixos de NT-proBNP, um marcador bioquímico de doença cardiovascular», garante Urban Alehagen, professor associado de cardiologia do Departamento de Medicina Cardiovascular da Linkoping University da Suécia.