A bexiga hiperativa representa um dos problemas de saúde mais comuns em todo o mundo, uma doença que não mata, mas limita bastante.

Caracteriza-se, regra gera, por uma alteração funcional da bexiga, que origina contrações descontroladas do músculo detrusor, responsável pelo esvaziamento da bexiga durante o enchimento do órgão com urina.

Ou seja, em vez de se manter em repouso até a bexiga se encher de urina, o músculo detrusor contrai-se quando a bexiga ainda está a encher. Em termos globais, estima-se que a bexiga hiperativa afete cerca de 200 milhões de pessoas e que apresente uma prevalência de 17% na população europeia.

Em Portugal, ainda não existem dados reais sobre a incidência da doença mas, os especialistas calculam que possam existir perto de 1,7 milhões de pessoas afetadas. O que constitui 15% da população, com metade dos afetados a experienciar uma redução drástica da qualidade de vida. A incidência da doença aumenta com o avanço da idade, em paralelo nos dois sexos.

Já a frequência é mais elevada no sexo feminino a partir da meia-idade, sendo que aos 70 anos, a prevalência da bexiga hiperativa já não é de 15% mas sim de 30%-40%. Cerca de 20 a 30% das mulheres podem vir a ser afetadas em alguma fase das suas vidas. Para além de condicionante, esta doença vem frequentemente acompanhada por um elevado estigma social, provocado pela vergonha e desconforto da situação. Este é o principal motivo que leva a a que os doentes demorem anos a procurar ajuda, agravando a sua situação.

A interferência na qualidade de vida pode levar à imobilidade de algumas
pessoas.

Idas ao cinema, viagens em transportes públicos ou reuniões de
trabalho são fortemente condicionadas pela necessidade de urinar.

Nas
situações em que as pessoas não podem correr para a casa de banho, o
resultado é a incontinência. As consequências de saúde
relacionadas com o problema são várias.Estados depressivos, dermatite associada à incontinência, aumento do número de
fraturas e perturbações do sono são as alterações mais comuns.

Estando associado a um estigma social, o
problema é muitas vezes silenciado. As mulheres, sobretudo, encaram a
doença como inevitável e não relatam as queixas ao médico. Isto faz com
que o diagnóstico seja muito difícil de traçar e, consequentemente, o
início do tratamento se retarde.

Um estudo norte-americano
concluiu que a bexiga hiperativa custa cerca de 26 mil milhões de
dólares/ano, contra 14 mil milhões da osteoporose ou 13 mil milhões do
cancro da mama. Além da medicação, muitos doentes resolvem as surpresas
da sua bexiga com recurso a fraldas, gastando muito dinheiro na proteção
contra perdas de urina inesperadas.