São alimentos que desde que sejam consumidos em determinas quantidades e, devido aos seus compostos biologicamente activos podem reduzir o risco de determinada doença.

O princípio "Deixa o alimento ser teu remédio e o remédio ser teu alimento", exposto por Hipócrates aproximadamente há 2.500 anos atrás, está a receber um interesse renovado.

Tem havido uma explosão do interesse dos consumidores no papel de alimentos específicos ou componentes alimentares activos fisiologicamente, os supostos alimentos funcionais (Hasler, 1998).

Obviamente, todos os alimentos são funcionais, por proporcionarem sabor, aroma ou valor nutritivo. Durante a última década, entretanto, o termo funcional aplicado aos alimentos tem adoptado uma conotação diferente - que é a de proporcionar um benefício fisiológico adicional, além daquele de satisfazer as necessidades nutricionais básicas.

Ao longo dos tempos
Hipócrates, conhecido como o pai da Medicina, declarava que os alimentos eram o melhor remédio. Mas as suas afirmações iam mais longe, ao dizer que somos aquilo que comemos.

Na verdade, os alimentos podem ser uma arma a nosso favor. Foi em 1989, que se introduziu pela primeira vez o conceito de alimentos funcionais. Este termo, inventado no Japão, serviu os objectivos do programa FOSHU (que significa alimentação para uso específico da saúde).

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Os japoneses preconizavam a utilização de alimentos que, para além das suas propriedades nutricionais, pudessem acarretar benefícios para a saúde. Até esta data, o Japão foi o único país que formulou um processo de regulação específico para os alimentos funcionais, estes alimentos são qualificados e trazem um selo de aprovação do Ministério de Saúde e Previdência Social japonês (Arai, 1996).

De acordo com Arai (2000), em 1999 existiam cerca de 167 produtos incluídos na categoria FOSHU. O número foi aumentando e em 2005 existiam mais de 569 alimentos FOSHU. Esta nova concepção de alimentos deu-se pelo aumento da consciência dos consumidores que desejavam melhorar a qualidade das suas vidas e optar por hábitos mais saudáveis.

Nos Estados Unidos, a categoria de alimentos funcionais não é reconhecida legalmente. Independente disso muitas organizações têm proposto definições para esta nova e emergente área da ciência dos alimentos e nutrição.

O Comité de Alimentos e Nutrição do Institute of Medicine (IOM/FNB, 1994) definiu alimentos funcionais como "qualquer alimento ou ingrediente que possa proporcionar um benefício à saúde além dos nutrientes tradicionais que ele contêm".

As novas gerações mais preocupadas com a saúde têm feito dos alimentos funcionais o carro mestre da indústria alimentícia dos EUA (Meyer, 1998). Mais significativo, talvez, é o potencial dos alimentos funcionais de mitigarem doenças, promoverem a saúde e reduzirem os custos da assistência à saúde.

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Naturalmente funcionais
Alimento que apresenta substâncias naturais promotoras de saúde humana.

- Azeite (uma gordura monoinsaturada) - ao nível do sistema cardiovascular contribui para diminuir os níveis de LDL (Low Density Lipoproteins), “o mau colesterol”, sem fazer descer os níveis do HDL (High Density Lipoproteins), “o bom colesterol”, reduzindo assim o risco de doenças cardiovasculares.

– Ácidos gordos omega 3 (presentes no peixe) possuem propriedades biológicas atribuíveis à presença da dupla ligação no carbono 3, tais como a diminuição da coagulação sanguínea, sendo por isso considerados protectores de doenças cardiovasculares.

Já no mercado
- Produtos lácteos modificados
- Alimentos probióticos
- Alimentos prebióticos
- Enriquecidos em omega-3
- Enriquecidos em fitoesterois
- Enriquecidos com antioxidantes

Significados distintos
Propriedades funcionais dos alimentos:propriedades físico-químicas que determinam aspectos sensoriais dos alimentos, como a cor, o aroma, o sabor, a textura.
Alimentos Funcionais: contêm propriedades intrínsecas relativas ao conjunto alimentação-saúde-doença.

Critérios dos alimentos funcionais
Demonstra que afecta funções do organismo de forma relevante para melhorar o estado de saúde ou bem-estar e reduzir o risco de doença. Tem que demonstrar também os seus efeitos em valores de consumo habituais como - serem integrados no seio de um padrão alimentar normal, não serem pílulas ou cápsulas e serem funcionais para a população ou subgrupos.

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Classificação alimentos funcionais

1 – Alimentos in natura: alimentos naturais: soja, tomate, crucífero (brócolos, couve-flor, repolho, etc.), alho, aveia e peixe gordo.

2 – Alimentos processados sem adição de ingredientes funcionais: alimentos processados pela indústria com o próprio alimento natural: farelo de aveia, alimentos à base de soja (ex. tofu, leite de soja), molho ou sumo de tomate.

3 – Alimentos processados com adição de ingredientes funcionais: alimentos processados pela indústria onde são adicionados componentes activos: leite, iogurtes, ovos, bolachas, margarina. Enriquecidos com ómega-3, fitoesterois, cálcio, vitaminas, bifidos.

Transformar em funcional

São cinco as possibilidades para que um alimento seja transformado em funcional ou se aumente a sua funcionalidade.

1- Adição ou suplementação de um alimento com substâncias ou ingredientes com efeitos benéficos – alimentos produzidos por biotecnologia: antioxidantes não vitamínicos, adição de um microorganismo probiótico favorecendo o equilíbrio do
intestino, prebióticos (fructooligosacáridos).

2- Substituição das substâncias com efeitos negativos por outras com efeitos benéficos. Ex.: gordura animal por gordura vegetal.

3- Eliminar componentes que podem ter efeitos negativos na saúde dos consumidores. Ex.: proteínas alergogénicas, redução de ácidos gordos saturados na margarina e na maionese.

4- Aumentar a concentração de um componente naturalmente presente e que tem efeitos benéficos na saúde. EX.: fortificação com um micronutriente, aumento da concentração de fibra alimentar benéfica.

5- Aumentar a biodisponibilidade ou estabilidade de um componente para produzir efeitos funcionais benéficos.

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Substâncias com efeitos benéficos
Ácidos gordos polinsaturados: conhecidos por ómega 3, presentes nos peixes gordos, como a sardinha, atum e salmão, demonstraram resultados na redução dos lípidos e na prevenção das doenças cardiovasculares.

Antioxidantes
: ajudam a reduzir o risco de problemas cardiovasculares e a neutralizar os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento celular. Estão presentes nas frutas e vegetais (ex. tomate, cebola).

Esteróis vegetais
: de origem vegetal ajudam a diminuir a absorção instestinal do colestrol.

Probióticos
: um microorganismo vivo que ajuda a restabelecer o equilíbrio da flora instestinal. Também conhecidas como “bactérias boas”, resultantes da fermentação do leite.

Prébióticos
: são o substrato dos probióticos. Ajudam a activar o sistema imunitário e auxiliam na absorção do cálcio pelo organismo. Estão presentes nas fibras do pão, dos cereais, nos frutos e nos legumes.

Propriedades benéficas

Podemos concluir que os alimentos funcionais possuem propriedades benéficas para além das nutricionais básicas. São apresentados na forma de alimentos comuns e demonstram uma capacidade de regular funções corporais de forma a auxiliar na protecção contra doenças como: as cardiovasculares, cancro, hipertensão, diabetes, doenças inflamatórias intestinais, certas doenças reumáticas, entre outras.

Alimentação equilibrada
Os alimentos funcionais podem ter resultados realmente positivos quando fazem parte de uma alimentação equilibrada e balanceada, ou seja, não é adequado, por exemplo, comer carnes gordas acompanhadas de salada de soja e acreditar que a soja vai proteger o organismo contra o aumento do colesterol.

Conclusão
Os consumidores preocupados com a saúde procuram cada vez mais alimentos funcionais num esforço para controlar a sua saúde e bem-estar. Os alimentos funcionais são assim susceptíveis de melhorarem a saúde, mas é conveniente valorizá-los na sua justa medida e usá-los sabendo que não são o elixir de todos os males. Eles são benéficos e fornecem um complemento saudável a uma dieta apropriada e a um estilo de vida activos.

Agradecimentos