No seu segundo ano de vida, a criança vai crescer mais lentamente. Não há aqui qualquer motivo para alarme, é natural que isso aconteça.

No entanto, é a partir desta idade que as crianças começam a contrair doenças, talvez por estarem em maior contacto com o exterior, mais expostas a poeiras, bactérias e vírus.

«Dos 2 aos 6 anos são motivo fre­quente de consulta os atrasos de
lin­guagem», adverte a pediatra Helena Porfírio.

«Aos 2 anos, a criança já deve ser entendida quer por familiares quer por estranhos, deve conseguir cons­truir frases. Outros problemas são os que se prendem com os comportamen­tos difíceis», acrescenta a especialista. «Nesta fase a criança está já muito autónoma, começa a afirmar-se, tem birras, comportamentos de oposi­ção que exigem dos pais e educadores grande capacidade de interação, dis­ponibilidade psicológica e exercício de autoridade», refere Helena Porfírio.

«É profundamente errado fazer todas as vontades às crianças nesta idade, ceder a todas as suas exigências ou birras. É preciso que os pais e edu­cadores saibam dizer não na altura certa e adequadamente», sublinha ainda esta especialista.

Cuidados de saúde

Nesta fase, deve ir com o seu filho ao médico regularmente. É importante que seja observado por um especialista aos 15 e aos 18 meses e depois aos 2, 3, 4 e 5-6 anos:

- Aos 15 meses, o seu filho deve ser vacinado contra o sarampo, a papeira e a rubéola e com outras vacinas que o médico recomende.

- Entre os 18 e os 24 meses, deve-se fazer o primeiro reforço da vacina contra a tosse convulsa, difteria e tétano e outras vacinas recomendadas pelo médico. 

- Por volta dos 2 anos, altura em que por norma já se contro­lam os esfíncteres urinários diurnos, os pais devem levar a criança à Ortope­dia pediátrica, e aos 3 anos de idade deverão também fazer uma consulta de oftalmologia pediátrica.

Quantas difi­culdades de aprendizagem, distrações ou mesmo mau comportamento se resol­vem simplesmente com o uso de óculos? É preciso quebrar tabus. «A higiene oral também é muito importante e, por isso, uma ida ao higienista e/ou ao esto­matologista deverá fazer-se por volta dos 4 anos», aconselha Marinela Teixeira.

«Depois dos 4 anos, começam a dimi­nuir as doenças respiratórias, salvo as amigdalites que começam a aparecer com maior frequência», explica Mário Cordeiro. «Na idade esco­lar, há uma ou outra situação de doença episódica, mas rara, dado que se trata do grupo etário mais saudável e que pouco adoece», acrescenta ainda.

Cuidados adicionais com alimentação

O que os mais pequenos ingerem é fundamental para o seu desenvolvimento.

A partir dos 2 anos, a criança já pode ter o regime alimentar da família e deverá ingerir diaria­mente cerca de meio litro de leite ou derivados.

Entre os 18 e os 23 meses até aos três anos, tente retirar-lhe, aos poucos e com calma, a chupeta e o biberão, caso ainda os utilize. A partir dos 2 anos, pode começar a utilizar pasta dentífrica, a quantidade será o equivalente à unha do dedo mindinho da criança.

A entrada na escola

Estes são alguns dos cuidados que deve ter nesta fase da vida do seu filho:

- Entre os 3 e os 4 anos

Se o seu filho for para uma creche ou um jardim infantil, visite o local e fale com os educadores antes de o inscrever. Informe-se acerca das condições de segurança e das actividades pedagógicas. Nesta fase é importante acom­panhar o seu filho, participando nas ativida­des escolares e incentivando-o à descoberta e ao raciocínio lógico.

- Dos 4 aos 5-6 anos

Prepare o seu filho para a entrada na escola. É natural que se sinta inseguro e receoso nesta fase. Afinal de contas, a entrada no ensino primário é uma grande responsabilidade. Também aqui os pais têm um papel muito importante. Devem tentar acalmá-lo antes da entrada na escola, motivá-lo para a leitura e para o estudo, estar a par das suas dificulda­des e ajudá-lo a ultrapassá-las.

Texto: Madalena Alçada Baptista

Revisão científica: Dr. Mário Cordeiro (médico pediatra e membro da Sociedade Portuguesa de Pediatria), Dra. Marinela Teixeira (médica pediatra da Administração Regional de Saúde de Lisboa) e Dra. Helena Porfírio (presidente da secção de Pediatria Ambulatória da Sociedade Portuguesa de Pediatria no Hospital de Pombal)