O Ácido Vanilmandélico é um dos metabolitos das catecolaminas, grupo de hormonas produzidas na zona central das suprarrenais, que são órgãos localizados na parte superior dos rins. As catecolaminas são libertadas na corrente sanguínea em resposta ao stress físico e emocional e intervêm na transmissão de impulsos nervosos no cérebro, conduzindo ao aumento da libertação de glicose e ácidos gordos para fins energéticos do corpo humano. Está presente na urina em pequenas quantidades e aumenta após a exposição do organismo ao stress emocional.

O doseamento do Ácido Vanilmandélico (VMA) e do Ácido Homovanílico (HVA) através da cromatografia líquida de alta definição (HPLC) auxilia a deteção de tumores secretores de catecolaminas como é o caso do Neuroblastoma. Esta análise clínica determina a quantidade de Ácido Vanilmandélico e Ácido Homovanílico excretados na urina num período de 24 horas.

Cerca de 90% dos pacientes com Neuroblastoma apresentam níveis elevados de Ácido Vanilmandélico e Ácido Homovanílico. Se o resultado para o Ácido Vanilmandélico for normal é pouco provável que o paciente apresente o tumor, no entanto é uma hipótese que não pode ser excluída, dado que os Neuroblastomas não produzem catecolaminas a um ritmo constante, pelo que podem ocorrer flutuações nos níveis destes metabolitos na urina e a amostra em análise pode não apresentar concentrações elevadas e ainda assim a neoplasia existir.

Os valores normais para o Ácido Vanilmandélico são <13,6 mg/24h, enquanto para o Ácido Homovanílico são 1,4 a 8,8 mg/24hrs nos adultos, 1,4 a 4,3 mg/24hrs em crianças de 3 a 6 anos, 2,1 a 4,7 mg/24hrs dos 6 aos 10 anos e 2,4 a 8,7 mg/24hrs 10 aos 16 anos. O médico assistente deve avaliar os resultados obtidos na análise clínica simultaneamente com a condição física do paciente, podendo ser necessário o recurso a análises complementares às catecolaminas e metanegrinas, exames imagiológicos e, uma ressonância magnética para localizar o Neuroblastoma.

Se o paciente apresentar esta neoplasia e estiver em tratamento, uma redução nas concentrações de Ácido Vanilmandélico na urina poderá indicar que está a responder positivamente à terapêutica. Níveis crescentes revelam que o tratamento não está a ser eficaz. Nos casos clínicos dos pacientes que sofreram de Neuroblastoma, quando os níveis estão estáveis e depois sofrem um aumento pode ser sinal de recidiva.

Por Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica

Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica