Contudo, verificamos que a capacidade de resposta é, em muitos países e também em Portugal, insuficiente para as necessidades que existem. Entre nós estima-se que apenas consigamos responder às necessidades de 1 a 2 % dos doentes que dela beneficiariam.

Para contrariar esta situação, um conjunto de sociedades e associações da área da saúde respiratória juntaram-se para assinalar o primeiro Dia da Reabilitação Respiratória com o intuito de alertar para este problema e defender a necessidade de a Reabilitação Respiratória ser considerada uma prioridade com a criação de Programas em todos os hospitais centrais e distritais.

Os doentes depois de seguirem Programas de Reabilitação (que duram cerca de 12 semanas) devem continuar a ser acompanhados. Por isso salientamos que seria vantajoso criar unidades, junto dos cuidados primários que o permitissem fazer, das quais já existem alguns exemplos dispersos.

Enquanto o acesso universal à reabilitação respiratória não é uma realidade no nosso país e o caminho para tal está ainda a ser traçado, consideramos urgente rentabilizar o que já existe e estabelecer prioridades de actuação. O grande critério de prioridade terá de ser a gravidade da situação, o grau de incapacidade que o doente demonstra. Para isso há sinais subjetivos (o que é que o doente consegue fazer) e sinais objetivos (concentração de oxigénio no sangue, prova da marcha).

Também terão de ser considerados prioritários doentes com exacerbações de doenças crónicas, que motivaram um internamento, com agravamento da insuficiência respiratória. O mesmo se dirá em doentes submetidos a intervenções cirúrgicas ao tórax.

Antes dos doentes chegarem a estas graves situações houve uma evolução das doenças. Aí também podemos intervir recorrendo ao exercício físico, prescrito e acompanhado por profissionais e adaptado às capacidades do doente. Será também uma forma de “reabilitação” permitindo um futuro mais risonho para estes doentes. Igualmente fundamental será manterem um peso adequado e seguirem regimes nutricionais que o permitam.

Acreditamos, ainda, que a tomada de posições que contribuam para a melhoria das condições de resposta às necessidades dos doentes respiratórios crónicos, nomeadamente através da Reabilitação Respiratória, deve ser uma preocupação de todos, Sociedade Civil, Sociedades Científicas, Associações Cívicas e de Doentes.

Por Artur Teles de Araújo, Médico Pneumologista e Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão