O Serviço de Bioestatística e Informática Médica, juntamente com o Centro de Investigação em Tecnologias da Saúde e Sistemas de Informação (CINTESIS), levou a cabo um estudo de prevalência e impacto individual, social e económico da dor crónica no nosso país.

Perante uma amostra de cerca de 5000 indivíduos maiores de 18 anos, concluiu-se que a prevalência da dor crónica era significativamente mais elevada nas mulheres e nos idosos, com uma duração média de 10 anos.

O mesmo estudo, que contou com a colaboração do Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina do Porto e do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, revela também que as principais causas de dor crónica referidas pelos entrevistados foram as lombalgias, com repercussão em mais de 40% da população estudada, seguindo-se a osteoporose, os traumatismos, a artrite reumatoide e as cefaleias. Foi diagnosticada depressão a 17% dos indivíduos com dor crónica e quase 50% referiram uma interferência moderada ou grave da dor nas suas atividades domésticas e laborais.

O que é a dor?

Apesar de não existirem ainda marcadores biológicos que permitam caracterizar objetivamente a dor, sabe-se que, segundo a IASP, esta «não é apenas uma sensação mas sim um fenómeno complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados». É, assim, um fenómeno subjetivo, na medida em que cada pessoa sente a dor à sua maneira. «A mesma lesão pode causar dores diferentes em indivíduos diferentes ou no mesmo indivíduo em momentos diferentes, dependendo do contexto em que está inserido nesse momento».

Pode até, por vezes, existir dor sem que se encontre uma lesão física. A dor começa por ser aguda e, depois, se não for tratada, pode tornar-se crónica. Funcionando como um sinal de alarme, a dor aguda é importante para o diagnóstico de várias doenças. Por outro lado, a dor crónica é, de acordo com a mesma associação, uma «dor persistente ou recorrente durante, pelo menos, três a seis meses». Jaime Branco, reumatologista, sublinha que «a dor crónica não tem qualquer vantagem para o doente. Para além do sofrimento que causa tem repercussões na saúde física e mental», por isso, deve ser tratada o mais precocemente possível.

Texto: Cláudia Vale da Silva com Jaime Branco (professor de reumatologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa)