O útero é composto por três camadas; a interna / endométrio; a média e mais grossa / miométrio; e a externa a serosa. Os Miomas ou Fibromiomas uterinos são tumores benignos com origem na parte muscular (miométrio) do útero. São, portanto, tumores de fibras musculares lisas.
Estes tumores benignos têm o mesmo tipo de origem de qualquer outro tumor, a mutação celular ou genética, desencadeada por co-fatores (ambientais ou outros). As hormonas podem influenciar o seu crescimento embora de forma pouco esclarecida. Na verdade, não existem miomas antes da menarca (inicio da menstruação e da atividade hormonal) e na menopausa há, em regra, uma regressão desses miomas.
Em termos globais os miomas afetam mais de 70% das mulheres do planeta. Com especial incidência entre os 30 e os 50 anos. A raça negra é mais afetada que a caucasiana ou outras, como a hispânica ou asiática.
Os miomas são a causa mais frequente para a indicação de histerectomia. Em contrapartida, as mulheres que pretendem conservar a fertilidade ou o útero por razões pessoais ou psicológicas, a miomectomia é viável em mais de 95% dos casos.
Os miomas classificam-se em:
1. Sub-serosos: a partir da superfície do útero, com crescimento essencialmente para o interior da cavidade abdomina
2. Intra murais: localizam-se essencialmente na parte média do útero (miométrio)
3. Submucosos: desenvolvem-se junto à linha mais interna do útero, invadindo o endométrio, e são os mais potencialmente perigosos, causando facilmente sintomas hemorrágicos graves como anemia, ou infertilidade impedindo a implantação do óvulo fecundado.
A expansão dos miomas aos ligamentos adjacentes do útero (essencialmente os ligamentos largos), podem complicar a sua remoção.
Por vezes os Miomas encontram-se associados a formas locais (focais) ou difusas de Ademiose, tornando mais difícil a fertilidade e o tratamento cirúrgico. Felizmente mais de 50% das mulheres com estes miomas, são assintomáticas.

Os sintomas mais frequentes são:
1. Hemorragias: durante a menstruação (Menorragias) ou fora delas (Metrorragias).
2. Anemia: consequência das hemorragias mais acentuadas
3. Sintomas de compressão: relacionados com o tamanho e a localização destes miomas dando pressão pélvica, dor lombar e/ou sagrada, obstipação por compressão do reto, sintomas urinários como micções frequentes (polaquiúria) por compressão da bexiga.
4. Dor: por torção de miomas pediculados ou por degenerescência não maligna do mioma, dando quadros agudos e urgentes. 
5. Infertilidade: todos os miomas com localização submucosa são seguramente fatores de infertilidade impedindo a implantação do óvulo fecundado. 
6. Complicações na gravidez: afetam a dinâmica contráctil do útero, os miomas podem causar complicações no trabalho de parto.
Em regra os miomas não degeneram em cancro. No entanto, essencialmente em mulheres post-menopausa, pode haver, muito excecionalmente, uma transformação no sentido de um cancro particularmente agressivo chamado sarcoma. 
O diagnóstico deve começar por uma boa história clínica e um exame ginecológico preciso. A ecografia moderna tem um grau de precisão extremo no complemento do diagnóstico clínico. A Ressonância Magnética é também um método de diagnóstico de extrema importância sobretudo com vista a uma estratégia cirúrgica adequada.
Os Progestagénios podem controlar temporariamente as hemorragias, mas não controlam os miomas os quais, mais cedo ou mais tarde, agravarão os sintomas. 
Os Agonistas Gn RH são drogas agressivas que não podem nem dever ser usadas por períodos superiores a 4 a 6 meses. Ao inibirem a produção de estrogénios e progesterona, provocam um controle parcial das hemorragias e uma diminuição do tamanho dos miomas em menos de 50% dos casos. E quando se pára o seu tratamento, os miomas retomam o seu crescimento, e os sintomas reaparecem. Além disso, provocam sintomas e efeitos semelhantes à menopausa como os afrontamentos e perda de massa óssea.

O Acetato de Ulipristal trata-se de um novo medicamento que em termos gerais tem um efeito semelhante aos agonistas (embora por mecanismos diferentes), mas sem causar os efeitos secundários daqueles. Por outro lado, o seu efeito no controlo na anemia e no recrudescimento do aumento dos miomas, mantém-se por mais tempo. Trabalhos recentes apontam para um possível impacto importante no controle concomitante da Adenomiose e Endometriomas.
A Miolise é um processo de coagulação dos miomas através de eletrocirurgia, criogulação ou laser. É um processo cirúrgico, laparoscópico, sob anestesia geral com o objetivo de destruir a alimentação sanguínea (irrigação dos miomas).Os resultados são muito variáveis com uma taxa de insucessos alta, e está praticamente abandonada.
A Embolização de Miomas é também um processo invasivo para reduzir ou fazer desaparecer os sintomas dos Miomas. Os principais argumentos contra a realização das embolizações são os efeitos secundários (que podem ser tão graves como embolia pulmonar e até a morte) e no caso, de mulheres inférteis poder conduzir a fístulas do endómetrio impedindo a gravidez.
Em termos de complicações tardias e no caso de haver necessidade de cirurgia, a embolização provoca aderências graves que podem complicar a mesma.
A técnica mais recente não cirúrgica é baseada no princípio de ultrassons focais guiados por ressonâncias magnéticas (Ultrassons Focais Guiados por Ressonância Magnética). A sua indicação não se resume a Miomas e Adenomiose (Endometriose do corpo do Útero), mas também a outros tumores (por exemplo do fígado). Contudo, os resultados são ainda insuficientes e não existe em Portugal.

Dr. António Setúbal, Coordenador Departamento de Ginecologia do Hospital da Luz