A colaboração do psicólogo com o cirurgião plástico tem como objectivo avaliar, mediante o tipo de intervenção solicitada, as características do paciente e como a deformidade é sentida por ele. 
Com esta avaliação, feita preferencialmente antes da intervenção, é possível perceber as motivações dos pacientes, expectativas, personalidade e a capacidade de gerir o stress. 
A parceria estabelecida entre o cirurgião e psicólogo contribui ainda, para determinar se existem pacientes mais susceptíveis de se tornarem insatisfeitos com os resultados das intervenções.
A avaliação psicológica revela-se crucial fundamentalmente por duas razões: 1) ajuda a perceber se as motivações pré-operatórias e as expectativas pós-operatórias são realistas e a intervir se houver algum desajustamento; 2) permite auscultar qual é o estado psicológico do paciente bem como a existência de alguma perturbação psicológica que seja contra-indicada à intervenção. 
Na avaliação psicológica, a motivação para a cirurgia é um ponto de análise fulcral. Importa averiguar se a motivação é de natureza interna (por exemplo, submeter-se à cirurgia para melhorar a autoestima) ou externa (por exemplo, submeter à cirurgia para obter promoção no trabalho ou para agradar aos outros). 

Além da motivação, as expectativas demonstradas pelo paciente também merecem especial observação. Na verdade, as pessoas insatisfeitas consigo próprias e que projetam na cirurgia plástica ou procedimentos estéticos não-cirurgicos a expectativa de resolução dos seus problemas, tendem a ficar insatisfeitas com os resultados finais, por melhores que sejam, pois a cirurgia não resolve conflitos pessoais, familiares e profissionais.
Vários estudos têm demonstrado que expectativas irrealistas e motivações externas estão associadas a maior insatisfação com os procedimentos estéticos. Pelo contrário, os pacientes com motivações internas e expectativas realistas tendem a mostrar-se satisfeitos com os resultados.
Em simultâneo, importa explorar a tomada de decisão ao nível das respostas comportamentais dos pacientes na sua rotina diária, possível evitamento de locais ou pessoas, preocupações acerca da aparência e consequências esperadas depois da intervenção.
Na presença de sintomatologia psicopatológica, é aconselhável o acompanhamento psicológico, assim como nos casos em que o cirurgião acredita que a intervenção não irá trazer grandes resultados, sendo o defeito mínimo ou imaginário ou quando existe distorção da imagem corporal.
Acresce referir que a intervenção psicológica ajuda a preparar o paciente para mudanças físicas, dor no pós-operatório imediato (no caso de procedimentos cirúrgicos mais invasivos) e exigências psicológicas e emocionais intrínsecas a todo o processo de tratamento.
Por Catarina de Castro Lopes
Psicóloga Clínica e Directora do Departamento de Psicologia na Clinica White
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