Apesar de associarmos o termo adoçante aos substitutos do açúcar, este é «toda a substância sólida ou líquida que confere um sabor doce aos alimentos, como o açúcar, o mel, a frutose e os vários edulcorantes – aspartame, poliálcoois, sacarina e ciclamatos», esclarece Patrícia Almeida Nunes, dietista.

No entanto, quando o objetivo é controlar o peso, os edulcorantes são quase sempre a primeira escolha para adoçar os alimentos. Mas será que o seu consumo tem riscos para a saúde?

Quais as doses diárias recomendadas (DDR)? A autora do livro «Uma especialista em nutrição no supermercado», publicado no primeiro semestre de 2012 pela editora A Esfera dos Livros, que é também dietista e coordenadora do Serviço de Dietética e Nutrição do Hospital de Santa
Maria, onde colaboradora regularmente com a endocrinologista Isabel do Carmo, aponta as principais diferenças e dissipa todas as dúvidas.

Edulcorantes não calóricos

Por serem isentos de calorias, o seu consumo pode ser vantajoso, em especial para quem tem excesso de peso ou diabetes. Devem, no entanto, ser usados com moderação.

- Acesulfame-K

Trata-se de um adoçante dietético utilizado em alimentos como doces, bebidas e pastilhas elásticas. Tem um poder adoçante 125 vezes superior ao do açúcar. Resiste a altas temperaturas, mantendo-se estável. Em contra-partida, confere um sabor metálico aos alimentos quando utilizado para adoçar substâncias ácidas, como o sumo de laranja. Encontra-se em alimentos ou bebidas com a designação sem açúcar e de baixas calorias, como bolachas, bolos, sumos e refrigerantes. A DDR são15 mg por quilo de peso do consumidor (900 mg para uma mulher de 60 quilos) e não são conhecidos riscos de sobredosagem. Contudo, este apresenta contraindicações para pessoas que sofrem de problemas renais.

- Sacarina

É um dos adoçantes mais antigos e tem a vantagens de ter um poder adoçante 300 vezes superior ao do açúcar e é resistente a altas temperaturas. Contudo, deixa um sabor residual amargo. Encontra-se em alimentos ou bebidas com a designação sem açúcar e de baixas calorias, incluindo adoçantes de mesa, geleias, gomas, frutos de conserva e molhos de saladas. A DDR é de 5 mg por quilo de peso do consumidor (300 mg para uma mulher de 60 quilos). Quanto aos riscos de sobredosagem saiba quue a sacarina pode provocar alterações gastrointestinais e está contraindicada aos hipertensos, crianças e grávidas.

- Ciclamato de sódio

Também conhecido sob a designação de aditivo E952, o ciclamato de sódio é 30 vezes mais doce do que a sacarose, sem o seu sabor amargo posterior. Pode ser submetido a altas temperaturas, sem perder o poder adoçante. Este encontra-se em alimentos e diversas bebidas designados sem açúcar. A DDR corresponde a  11 mg por quilo de peso do consumidor (660 mg para uma mulher de 60 quilos). No que se refere aos riscos de sobredosagem, saiba que este pode provocar alterações gastrointestinais, além de estar contraindicado aos hipertensos, crianças e grávidas.

- Sucralose

É um derivado do açúcar não calórico, conhecido sob a designação de aditivo E955. Tem um poder adoçante 600 vezes superior ao do açúcar e não é absorvido pelo organismo e encontra-se em sobremesas e pastelaria. A DDR é de 5 mg por quilo de peso do consumidor (300 mg para uma mulher de 60 quilos). Não são conhecidos riscos de sobredosagem nem contraindicações.

Edulcorantes calóricos

Apesar de conterem calorias, como têm um poder adoçante bastante
superior ao do açúcar, são usados em doses mínimas com um valor calórico
residual.

- Poliálcoois (sorbitol e xilitol)

Estão naturalmente presentes em vários vegetais e frutos e tem um
valor calórico de  2,4 calorias por grama. Tem um poder adoçante
semelhante ao do açúcar e menos calorias e encontram-se em barras de
cereais, chocolates e pastilhas elásticas.

Mas não só. Encontra-os também em biscoitos e bolachas com a
designação sem açúcar e em sobremesas em pó. A DDR corresponde a 15 mg
por quilo de peso (900 mg para uma mulher de 60 quilos). A sobredosagem
do poliácoois pode causar gases e diarreia e interferir no nível de
açúcar no sangue.

- Aspartame

Designado aditivo e951, é obtido do ácido aspártico e da
fenilalanina. Apresenta 4 calorias por grama e tem um poder adoçante 200
vezes superior ao do açúcar. Contudo, perde o poder adoçante a
temperaturas superiores a 1200C. É vendido em comprimidos ou em pó e
utilizado para adoçar chocolates ou doces. A DDR corresponde a 50 mg por
quilo de peso (3000 mg para uma mulher de 60 quilos). Em pessoas
sensíveis, a sobredosagem de aspartame pode provocar reações alérgicas,
cefaleias e alterações da visão. Esta substância está contraindicada a doentes com fenilcetónuria.

- Stevia

Feito a partir de uma planta com o mesmo nome oriunda da América
central e do sul, apresenta 0,36 calorias por grama. Não é cariogénica
(não provoca cáries), tem um poder adoçante 300 vezes superior ao do
açúcar e um valor calórico quase nulo. Encontra-se em pó ou comprimidos
para adoçar bebidas,polvilhar alimentos sobremesas frias (em que o
adoçante não é necessário para dar volume ao doce), como a mousse, a
gelatina e as sobremesas que a contêm, como a bavaroise. A DDR
corresponde 4 mg por quilo de peso do consumidor (240 mg para uma mulher
de 60 quilos). Não são conhecidos riscos de sobredosagem nem
contraindicações.

Fim aos mitos sobre a frutose

É um adoçante natural, presente na fruta e em alguns vegetais, mas
pode não ser a melhor opção para si. Tal como o açúcar, contém quatro
calorias por grama. Tem um poder adoçante superior ao açúcar (duas
colheres de frutose equivalem a três de açúcar) e está presente em
produtos designados sem açúcar adicionado. O consumo excessivo pode
levar ao aumento de peso, dos níveis de triglicéridos e da glicemia.

Texto: Vanda Oliveira e Sónia Ramalho com Patrícia Almeida Nunes (dietista e coordenadora do Serviço de Dietética e Nutrição do Hospital de Santa Maria)