Hipócrates e Lucrécio realizaram os primeiros estudos sobre sensibilidade alimentar há cerca de 2.400 anos, quando observavam as reações das pessoas ao comerem queijo. Geralmente, os sintomas mais comuns de sensibilidade aos alimentos são gases, cólicas intestinais, diarreia e obstipação. Porém, existem outros menos considerados como dores de cabeça, ansiedade, insónia e episódios depressivos.

Um exemplo clássico de alergia alimentar aguda é o do indivíduo que come amendoim e experimenta, em poucos minutos, o surgimento de urticárias no corpo, dificuldade respiratória e febre. Esse alimento ofensivo é facilmente identificado e tal resposta alérgica é determinada por um anticorpo mediador de histamina denominado imunoglobina E (IgE). Essa ação também está relacionada com conservantes e corantes integrados nos alimentos.

Vários sumos artificiais, enchidos ou enlatados contêm metabissulfito de sódio, responsável por grande quantidade de alergias a esses produtos. Um outro tipo de sensibilidade alimentar, mais difícil de se observar, com uma resposta tardia e que leva de semanas a anos para ser sintomática, é a mediada pela imunoglobina G (IgG). Neste caso, o indivíduo entra em contacto contínuo com diversos alimentos sensibilizadores.

Estes, em conjunto com outros fatores (stresse, tabaco, nutrição inadequada rica em fritos e gorduras ou predisposição genética), a longo prazo, produzem um efeito tóxico e de sobrecarga no organismo. O excesso do consumo do glúten, por exemplo, pode irritar a mucosa intestinal que, com o tempo, identificará aquele alimento como nocivo para o corpo, enviando substâncias do sistema imunitário para combatê-lo, principalmente as IgG.

O problema do glútem e das infeções oportunistas

À medida que o glúten continuar a ser integrado na dieta deixará de ser bem digerido e será fermentado pela flora bacteriana, aumentando a permeabilidade intestinal. A consequência é a perda da seletividade do que sai do intestino para a corrente sanguínea. Mais tarde, esse complexo inflamatório que se formou entre as IgG e o glúten passará para o sangue e poderá depositar-se ao longo do sistema.

Nesse caso, pode impedir o metabolismo e provocando sintomas como dores articulares, excesso de peso, cefaleia, ansiedade e falta de energia. Essa intolerância alimentar pode também ser estimulada por medicamentos, álcool ou infeções oportunistas. O desmame do leite materno antes dos 12 meses também é um fator de risco para as alergias ou intolerâncias, uma vez que sua primeira linha de defesa, mediada pelas imunoglobinas A (IgA), está diminuída até os primeiros seis meses.

Como consequência, o leite artificial pode iniciar uma reação direta por IgG que atinjam rapidamente a corrente sanguínea. Reduzir a ingestão diária dos alimentos consumidos com mais frequência, ter uma dieta rica em vitaminas A, B, glutamina, taurina e zinco, variar ao máximo o que se come e manter uma reposição probiótica fará toda a diferença! Para saber se é intolerante a algum alimento, clique aqui e faça já o teste.

Texto: Roni Moya (biomédico)