João Beles, naturopata, reuniu no livro «As plantas medicinais que emagrecem», publicado pela editora Lua de Papel, as melhores soluções naturais para perder peso de forma saudável. A Prevenir lançou-lhe um desafio, o de scolher, para si, o top 10 das espécies botânicas mais eficazes. «Ao longo de milhares de anos, as plantas medicinais foram a única terapêutica oral que o ser humano teve para se tratar das várias patologias que apareceram ao longo da vida», justifica o especialista.

«Com o desenvolvimento da química e da farmacologia, a ciência caminhou para uma medicina baseada no princípio ativo, muitas vezes isolado, de uma determinada planta medicinal. No entanto, a Organização Mundial de Saúde calcula que a Medicina Natural, baseada em plantas medicinais e outros tratamento perfaz dois terços de toda a medicina praticada no mundo», escreve ainda João Beles, professor de naturopatia.

A afirmação é uma das muitas incluídas no guia onde reúne 50 plantas aliadas da perda de peso, com conselhos de utilização, doses recomendadas, principais constituintes, efeitos e conclusões de estudos científicos. A pedido da Prevenir, em exclusivo para os nossos leitores, o autor destaca 10 plantas que nos podem ajudar quando o objetivo é emagrecer de forma equilibrada. Veja quais são as espécies botânicas e as frutas e vegetais que deve privilegiar para perder peso.

Ácer

A seiva do ácer (Acer saccharum Marsh) é o ingrediente-chave da conhecida bebida da dieta da seiva que, usada como substituto de refeição, fornece os nutrientes de que necessita, estimula a capacidade de desintoxicação do organismo e ajuda a eliminar gorduras. É naturalmente doce por conter sucrose, um açúcar com um índice glicémico mais baixo, podendo substituir o açúcar ou o adoçante. A dose certa é de 60 ml por dia, divididos em três tomas ou mistura dos com 1,5 l de água, para consumir ao longo do dia.

Siga uma alimentação equilibrada, acompanhada por um profissional de saúde especializado em emagrecimento, sobretudo se ao excesso de peso estiverem associadas doenças como depressão, anemia ou diabetes. Substitua uma refeição diária por um grande copo de água (330 ml) com 2 colheres de sopa de seiva, sumo de meio limão, uma pitada de pimenta-de-caiena ou gengibre em pó.

Bodelha

Usada para melhorar o funcionamento da tiroide e acelerar o metabolismo, esta alga (Fucus vesiculosus L.) aumenta a degradação da glicose e dos ácidos gordos, sendo eficaz no tratamento da obesidade. Contém oligoelementos e sais minerais, que atuam como remineralizantes, polissacáridos e ácido aglínico que produzem uma sensação de saciedade. Em extrato seco, ingira entre 500 a 2000 mg por dia. Como alimento, coma dois a quatro talos por dia, às refeições.

Tenha em atenção que a bodelha não pode ser ingerida por pessoas sensíveis ao iodo, com hipertiroidismo, grávidas ou lactentes nem em casos de ansiedade, insónia e taquicardia. Faça uma salada de emagrecimento para a incluir na sua alimentação. Junte meia lata de feijão branco, dois a quatro talos previamente demolhados, dois corações de alcachofra, pepino e beterraba. Coloque por cima molho com óleo de linhaça, levedura de cerveja, molho de soja e sementes tostadas de linhaça.

Chá verde

Conhecida como a grande planta da longevidade, a planta do chá verde (Camellia sinensis L. Kuntze) possui propriedades antioxidantes e regeneradoras dos tecidos. Utilizada no emagrecimento, esta planta ajuda a reduzir a circunferência da cintura e aumenta a termogénese, estimulando a utilização da gordura corporal. Por conter teína, tem uma ação estimulante, reduzindo a fadiga e inibindo o sono. Aumenta a produção de óxido nítrico, estimulando a capacidade para a prática de exercício físico.

A dose certa equivale a entre três a cinco saquetas (ou colheres de sopa) de chá verde por dia em infusão num litro e meio de água. Não ingira à noite se for suscetível a insónias. Antes de fazer exercício, junte a 500 mg de chá verde, 1 g de carnitina, ginseng coreano e siberiano. Se tiver de estudar, adicione 160 mg de ginkgo biloba e 400 mg de bacopa à bebida. Notará a diferença!

Estevia

O poder adoçante da estevia (Stevia rebaudiana L.) é 100 a 300 vezes superior ao do açúcar, bastando uma pequena dose para conferir sabor aos alimentos. Não contém calorias e como não aumenta a concentração de glicose no sangue, pode ser consumida por diabéticos, sendo também uma boa alternativa aos adoçantes sintéticos, como o aspartame ou o acesulfame k). Tem, ainda, uma ação hipotensora, anti-inflamatória, diurética e imunomodeladora, e inibe o desenvolvimento de bactérias responsáveis pelas cáries.

A dose certa corresponde a uma quantidade moderada, idêntica à do açúcar. A naturopatia não aconselha a utilização isolada do seu constituinte adoçante, o esteviol, mas sim o consumo das folhas em pó (à venda em dietéticas), formado por todos os fitoquímicos da stevia. Utilize-a na confeção de bolos, sobremesas e bebidas, ou mesmo para adoçar o café.

Freixo

O freixo (Fraxinus excelsior L.) estimula a circulação venosa, sendo utilizada em caso de retenção de líquidos. Tem uma ação drenante e depurativa. As folhas utilizam-se em infusão, idealmente meia colher de sopa por chávena. A casca utiliza-se em cozimento, cerca de meia colher de sopa fervida durante cinco minutos.

Experimente usar esta planta para fazer um gel anti-celulite. Junte cinco colheres de sopa de folhas frescas de freixo, cinco de urtigas e de folhas de tanchagem, duas colheres de sopa de gel de centelha asiática e meia colher de sopa de pimenta de caiena. Triture tudo e aplique durante cerca de uma hora.

Grifónia

O ingrediente-estrela da grifónia (Griffonia simplicifolia Bail) é o 5-Hidroxitriptofano (5-HTP), um aminoácido que estimula o humor e aumenta a dopamina, ajudando a tratar transtornos emocionais que aumentam o apetite. Pode ingerir 50 mg, uma a três vezes por dia, podendo aumentar, após duas semanas, para 100 mg. Experimente associar à ingestão de 5-HTP uma infusão com hipericão e tília e a prática de meditação e/ou de exercício físico (se possível, ao ar livre), pela ação sinérgica destes hábitos.

Konjac

O glucomanano presente na raiz do konjac (Amorphophallus konjac K. Koch), ao absorver até cem vezes mais água que o seu volume, incha no estômago e reduz o apetite. Como é uma fibra, regula os intestinos, reduzindo a obstipação. Duas a quatro cápsulas de 500 mg meia hora antes das refeições é a dose recomendada mas, atenção, não a utilize durante a gravidez e na amamentação. Experimente beber um copo de água com 1 g de konjac, 30 minutos antes do almoço, para comer menos à refeição.

Mucuna

A mucuna (Mucuna pruriens DC.) é uma espécie de feijão que ajuda a diminuir o apetite influenciado pelo stresse e ansiedade. Aumenta a fixação de proteínas, melhorando os resultados nos exercícios direcionados para o aumento da massa muscular. A dose certa é de 500 mg a 2 g de extrato seco por dia, podendo aumentar até 30 g. Uma vez que o feijão de mucuna não existe à venda em Portugal, faça uma salada com feijão branco, sementes de sésamo, nozes, tomates, pepinos e molho de soja.

Wakame

Wakame (Undaria pinnatifida Harvey Suringar) é uma alga e contém substâncias (fucoxantinas) que queimam gordura, especialmente a abdominal, e diminui a produção de novas células de gordura (adipócitos). A dose certa é de 200 a 600 mg por dia (cápsulas). Na alimentação diária, o ideal são três a seis talos (cozidos) por dia. Faça uma salada com um talo de aipo e funcho picados, tomate às rodelas e cenouras aos cubos. Junte algas wakame cozidas e feijão branco. Tempere com óleo de linhaça e sirva.

Zimbro

O zimbro (Juniperus communis L.) tem um efeito drenante e diurético. É também utilizado em caso de digestão difícil. Aplicado na pele, tem uma ação depurativa. A dose certa é de 4 g em 200 ml de água duas vezes por dia e de 20 a 40 gotas por dia (tintura). Os óleos essenciais podem ser usados através de inalações de vapor. Não tome, contudo, durante a gravidez nem exceda a dose recomendada. Experimente fazer um chá desintoxicante usando três frutos de zimbro, uma colher de quebra-pebra e meia colher de alteia. 

Texto: Catarina Caldeira Baguinho e Vanda Oliveira com João Beles (naturopata e professor no Instituto de Medicina Tradicional de Lisboa)