Gosta de comer? Adora cozinhar? Conhece como ninguém os ingredientes
de todo o tipo de receitas e a sua história? Adora mercados e foge de
supermercados? Faz quilómetros para comer num determinado restaurante?
Viaja para conhecer a cultura gastronómica de outros países?

Se respondeu
afirmativamente a todas estas questões é um foodie, um apaixonado
por comida.

Isso significa que adora provar novos pratos, gosta de fazer experiências com ingredientes e
procura incessantemente novas e inovadoras receitas. Este é um termo pouco usado em Portugal mas basta fazer uma pesquisa na
Internet para verificar como é usual noutros países e que é tema frequente em
sites e blogs.

Não deve confundir um foodie com um gourmet ou com um crítico
gastronómico e o foodie tanto pode ser encontrado nos restaurantes mais
caros como nas tascas típicas, o importante é que a comida seja bem confecionada
e que esteja rodeado de amigos, pois adora conviver com outros apaixonados
por comida e despertar essa paixão noutras pessoas.

Primeiros passos

Jill Moorhead, diretora de
marketing de um mercado
gourmet em Columbus, no
estado norte-americano do
Ohio, é uma autêntica foodie.
O blog que tem com a amiga
Maya é a prova disso
mesmo. «Amo a componente
social da comida. Em todas
as culturas por onde passei ou
observei constatei que as pessoas
juntam-se para comer»,
salienta.

A sua primeira experiência
na cozinha aconteceu em
Londres, durante um verão,
quando frequentava a faculdade.
Confecionou massa com
bacon canadiano e alho com
iogurte natural como molho
e, como diz, «foi o ponto de
viragem. A comida tornou-se
menos assustadora e mais interessante
nesse momento».

Nathalie Rivard, canadiana,
outra foodie da blogosfera
(http://foodiesemporium.com), é apaixonada por comida
desde a infância e atribui as
culpas à mãe, que cozinhava
muito e lhe dava a «experimentar
novos sabores». A isto
juntou o facto de ter vivido 12
anos em Toronto, uma cidade
multicultural onde teve acesso
a ingredientes de todo o mundo,
e onde aprendeu a cozinhar
comida asiática e caribenha,
entre outras.

Já adulta, começou
a viajar e a explorar diferentes
gastronomias. «Queria Costa Oeste do seu país natal,
do Maine, também nos Estados
Unidos, das Filipinas, da Tanzânia
e do Cambodja.
De todas, a sua preferida é a
espanhola. «É o presunto, a
sopa de marisco, o pão, as azeitonas», descreve, entusiasticamente, para justificar
a sua escolha.

Para Nathalie
Rivard, a comida também é
um componente importantíssimo
das suas viagens. Já esteve
em diversos países europeus,
nas Caraíbas, América do Sul,
Oceânia e viajou pela América
do Norte. A próxima etapa
será o continente asiático e diz-se apreciadora da gastronomia
tailandesa, japonesa e italiana. «É difícil ter uma refeição má
em Itália. A comida é tão fresca
e saborosa», assegura.


Veja na página seguinte: Os melhores menus

Os melhores menus

Quando questionadas sobre
que prato mais gostaram de
comer, a resposta é mais difícil.
A jornalista, depois de dizer
que comeu bem em inúmeras
refeições, acaba por eleger «o
menu degustação no restaurante
californiano The French
Laundry, cujo chef é Thomas
Keller, um dos melhores
da América».

Já a diretora de
marketing escolhe todos aqueles
pratos que já cozinhou com
Maya. «Desde as compras até
à sobremesa é fantástico ter
alguém com quem cozinhar e
a comida é sempre maravilhosa
», afirma.

Como qualquer foodie digno
deste nome, Jill e Nathalie
adoram estar na cozinha.
Cozinham quase todos os dias,
mas o que as preenche é cozinhar
para os outros e reunir os
amigos. Recentemente, a jornalista
foi mesmo convidada
para ser a chef do restaurante
Biron, em Montreal, por uma
noite, e não hesitou em aceitar.

«Foi divertido e uma excelente
experiência. Fiz um krumkake
(espécie de panqueca crocante)
de cardamomo com gelado
de morango caseiro e couli
(molho) de morangos», conta.
Os gelados são, atualmente,
o seu grande desafio.

Receitas variadas

Aprender novas receitas é ponto
assente para os foodies. Não
interessa se o fazem em cursos
de culinária, com a ajuda de
livros ou através de outras pessoas.
Nathalie diz que é uma
autodidata, no entanto, gosta
de ir a cursos para «estar com
outros foodies e conhecer chefs
interessantes». Mas é dos livros
de receitas que ela é realmente
fã. «Sou fanática, tenho perto
de 200 e toneladas de revistas
de culinária», assume.

«Leio-os como
se fossem autênticos romances.
São a minha inspiração para
criar novas receitas, pois raramente
sigo as receitas na totalidade,
com exceção do pão e
de bolos», refere. Jill nunca se
inscreveu num curso de culinária,
contudo, como organiza
diversos no seu trabalho, já
assistiu a muitos, mas a sua verdadeira
fonte de inspiração são
os ingredientes. «Como tenho
acesso a muitos, começo por
escolhê-los e só depois penso
na receita», diz.

Frequentemente,
procura-as na internet
mas, quando quer cozinhar
comida étnica, não dispensa os
seus livros. Os pratos que mais
gosta de cozinhar são os que
costuma fazer no outono, a
sua época de comida favorita.
«Frango inteiro assado, cozinhado
na sua própria gordura
e temperado com ervas aromáticas
frescas, mexilhões com
vinho branco e molho de alho,
sopa de cenoura e gengibre
e, para a sobremesa, tarte de
maçã», descreve.

Texto: Rita Caetano com Jill Moorhead (diretora de marketing) e Nathalie Rivard (jornalista)