Pouco conhecida em Portugal, a palmeira-butia
produz excelentes frutos, que podem ser usados para consumo direto ou para confecionar xaropes, compotas, geleias e licores.

A butia-capitata, conhecida como butiá-açu e butiá-azedo
no Brasil, é uma árvore de fruto que, pelas suas propriedades e características, importa conhecer.

Ao contrário da perversa palmeira-das-canárias (Phoenix
canariensis Hort.
), uma palmeira criminosa, com longos
espinhos na base das palmas (são das primeiras causas de
acidentes graves dos jardineiros portugueses), esta é uma
palmeira simpática, com palmas flexíveis, inofensivas e sem
risco para as crianças. Trata-se de uma planta com uma bonita cor azul e produz
uma marcante melodia à passagem do vento, embora não seja
suficiente para amedrontar alguém. Uma outra diferença, em
comparação com as phoenix, é que tolera períodos sem rega e
não é menos atacada pelos insetos que matam as palmeiras.


É uma árvore brasileira que pode ser encontrada entre os 15
e 35 graus de latitude sul e com uma grande resistência. Como
é muito adaptável, é existem muitas variedades e diversos tipos,
com frutos que vão do doce ao ácido e do laranja ao amarelo.
Não tem quaisquer problemas com o frio, resistindo mesmo
a temperaturas de 10 graus negativos, nem com o calor.

É por
essa razão que a sua adaptação ao nosso clima continental e
insular se faz sem dificuldade. Aceita praticamente todos os
tipos de solos com uma pequena preferência pelos mais ácidos.
O fruto assemelha-se a uma ameixa-mirabela achatada
com um grande núcleo, que é uma noz de coco em miniatura
de onde se produz um bom óleo.

História e consumo

Quando Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) fez a sua
descrição botânica, chamou-lhe Cocos capitata. Os camponeses de Minas Gerais, no Brasil, faziam queimadas
para as limpar. As palmeiras-butias sobreviventes tinham troncos grossos e negros
ornamentados com uma grande coroa ou cabeça, de onde
veio o nome capitata. Friedrich Von Martius descreveu como ninguém
a flora brasileira. D. Pedro I de Portugal recebeu do imperador
Francisco I da Áustria, duas pessoas excelentes, a sua filha
Marie Léopoldine e Friedrich Von Martius, que dedicou 25 anos da sua
vida às palmeiras brasileiras.

O fruto é consumido localmente como fruto de mesa, com
o qual se fazem xaropes, compotas, geleias e licores. O sabor
dos frutos que obtemos nas nossas casas varia consoante as
árvores. De quatro palmeiras-butias, tenho uma boa árvore de fruto.
Os frutos são ácidos em agosto, doces entre setembro
e outubro e perdem interesse mais para o final do ano. É
necessário recolher os frutos quando caem. Produz uma
colheita abundante.

Falta fazer a seleção das variedades de fruto.
Recentemente, dei sementes ao único europeu que se interessa
que manifestou interesse por esta planta, por sinal um francês.
Era necessário obter frutos mais carnudos que os das butias
selvagens. Todos os anos um pesquisador brasileiro publica um
estudo que confirma o interesse deste fruto rico em vitamina A. As palmeiras-butias frutificam rapidamente, cinco ou seis anos após
serem semeadas. Muito mais cedo do que as phoenix e muito
mais rápidas do que o a árvores de coco do Chile, que só frutifica com cerca
de 40 anos.

Texto: J.P. Brigand