Não faz milagres mas pode ter um impacto decisivo. A alimentação não tem poderes curativos, assegura Paula Ravasco. Mas, segundo esta investigadora em nutrição e oncologia, «consegue prevenir o desenvolvimento de mutações genéticas e pode amplificar o efeito do tratamento terapêutico». Saiba quais são os alimentos que devem ser regularmente ingeridos para prevenir a patologia e os que o doente oncológico deve evitar.

O peixe é um dos ingredientes obrigatórios. Opte por uma dieta mais rica em peixe (70%) do que em carne (30%). Privilegie as variedades mais ricas em ácidos gordos ómega-3 e proteína e com baixo teor de gordura saturada. Moluscos como o polvo e lula também são aconselhados. Tal como o peixe, possuem um efeito anti-inflamatório e tornam a quimioterapia e a radioterapia mais eficazes.

Os frutos secos também se incluem nesta lista. Para quem não pode comprar peixe regularmente ou não gosta desta proteína animal, a investigadora Paula Ravasco aconselha a ingestão de nozes, amêndoas e amendoins, «desde que não tenham adição de sal», sublinha. As sementes de linhaça são uma excelente fonte de ácido alfa linolénico (ómega-3), ultrapassando alguns tipos de peixe.

Além de que, frisa a especialista, «são muito acessíveis do ponto de vista monetário». As algas, outro alimento de origem marinha, «também é rico em ácidos gordos ómega-3, EPA e DHA com um efeito protetor», sublinha a especialista. No que toca a vegetais de folha verde, recomenda a couve-portuguesa, a couve-chinesa e as couves-de-bruxelas.

Os espinafres, os brócolos, o agrião também são obrigatórios, assim como os frutos ricos em carotenoides. A especialista sugere, como exemplo, a batata-doce, a abóbora, a cenoura, a manga e a laranja. Frutos e vegetais reconhecidos pelas (muitas) vitaminas e sais minerais essenciais ao organismo que integram na sua composição.

Os alimentos proibidos

Existem também alimentos proibidos, a evitar a todo o custo, como é o caso dos suplementos com antioxidantes. «Competem diretamente com o efeito da quimioterapia ou da radioterapia. Se o doente estiver a fazer antioxidantes durante os tratamentos antineoplásicos, está a proteger as células saudáveis mas também as células tumorais», refere Paula Ravasco.

Mais frequentemente utilizada na cosmética, muito pelas suas propriedades hidratantes e protetoras, o aloé vera é, no entanto, uma planta incompatível com os tratamentos anticancerígenos. O chá de hipericão também é desaconselhado. Embora aparente ser uma erva inofensiva, o hipericão pode diminuir significativamente a ação terapêutica da quimioterapia e radioterapia.