Allison Van Dusen
25 de Março de 2008

Não é preciso esperar por nenhuma data festiva. Na verdade, uma década de investigações no campo da saúde demonstra que o consumo regular e moderado de cerveja – um a dois copos de 35cl por dia para os homens e um para as mulheres – pode ser bom para a saúde, especialmente se estiver a debater-se com algumas das doenças mais comuns relacionadas com o envelhecimento.

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Os peritos referem que quando se fala dos benefícios do álcool para a saúde as pessoas pensam imediatamente no vinho, principalmente devido ao paradoxo francês, uma nítida referência à reduzida taxa de doenças cardíacas em França apesar de existir uma alimentação rica em gorduras saturadas. A ideia é que pequenos goles diários de Merlot fazem a diferença.

Mas vários estudos estão a demonstrar que o consumo moderado de álcool, incluindo cerveja, pode ter semelhantes efeitos benéficos para o coração, incluindo a redução em 30 a 35% da probabilidade de ataques cardíacos nos homens quando comparados com os abstémios.

"O vinho ainda está em alta, mas a cerveja merece a mesma aclamação," afirma Charlie Bamforth, Director e Professor do Departamento de Ciências e Tecnologia Alimentar da University of California, Davis.

A curiosidade em torno dos efeitos benéficos da cerveja tem vindo a crescer durante os últimos oito a dez anos, juntamente com um aumento da popularidade das cervejas artesanais – geralmente definidas como produtos dos cervejeiros que produzem menos de 2 milhões de barris por ano, refere Nancy Tringali Piho, porta-voz da National Beer Wholesalers Association.

Ao contrário das cervejas produzidas em massa, as cervejas artesanais tendem a ser produzidas dando-se uma especial atenção ao sabor, aparência e aroma. O seu carácter apelativo atraiu um público do segmento alto do mercado que está curioso acerca da bebida e quer saber se os seus benefícios para a saúde são idênticos aos do vinho.

As notícias são boas, especialmente para os baby boomers, muitos dos quais estão a lidar com problemas de obesidade e elevada pressão arterial, um dos principais factores de risco para as doenças cardíacas e enfartes.

O álcool, incluindo a cerveja, quando bebido com moderação aumenta os níveis de lipoproteína de alta densidade ou HDL, conhecido como o bom colesterol, diz o Dr. R. Curtis Ellison, Director do Departamento de Medicina Preventiva e Epidemiologia e Professor de Medicina e Saúde Pública na Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.
Parece que também tem um efeito positivo no revestimento dos vasos sanguíneos, reduzindo as probabilidades de se criarem coágulos ou a possibilidade de um coágulo se romper e obstruir uma artéria, sendo que pode igualmente ajudar a proteger contra a diabetes do Tipo 2.

"As pessoas devem estar cientes de que o consumo regular de um pouco de álcool diminui os riscos associados ao envelhecimento," afirma Ellison, que entre outras coisas é especialista na investigação da relação entre o consumo moderado de álcool e as doenças crónicas.

No início deste mês, investigadores do National Institutes of Health divulgaram um estudo demonstrando que um regular consumo moderado de bebidas alcoólicas pode proteger os homens das mortes causadas por doenças cardiovasculares. Os homens que disseram que ingeriam bebidas alcoólicas 120 a 365 dias por ano tinham uma taxa de mortalidade por doenças cardiovascular 20% inferior à daqueles que afirmaram que bebiam 1 a 36 dias por ano.
Contudo, o consumo em excesso pode ter consequências completamente opostas. Quando se rendem aos prazeres da bebida, os homens que ingerem cinco ou mais bebidas têm 30% mais de probabilidades de morrerem devido a uma doença cardíaca.

A cerveja também pode revigorar o seu cérebro.

As pessoas com mais de 65 anos que bebiam uma a seis bebidas alcoólicas por semana apresentaram um menor risco de sofrerem de demência do que os abstémios ou as pessoas que bebiam mais quantidades, segundo um estudo publicado no Journal of the American Medical Association. Da mesma forma, um relatório de 2006 divulgado na revista da American Heart Association demonstrou que o consumo de uma a duas bebidas alcoólicas por dia pode estar relacionado com uma melhor função cognitiva nas mulheres.

Beba com precaução

Claro que a cerveja não é boa para todas as pessoas. Outros estudos demonstraram que o consumo de dois ou mais copos de álcool por dia pode aumentar o risco de cancro da mamã nas mulheres, e poucos peritos médicos irão recomendar a um abstémio que comece a beber álcool só por causa dos benefícios para a saúde, quando o exercício físico e uma boa alimentação podem produzir resultados semelhantes.

Bamforth diz igualmente que não tem a certeza que a crescente selecção de bebidas orgânicas, as que não contêm sulfitos, conservantes químicos e são produzidas maioritariamente, se não apenas, com ingredientes orgânicos, ou cervejas aromatizadas com “super-frutos” repletos de antioxidantes terão um impacto saudável. Conjuntamente com as vitaminas e minerais, é o teor alcoólico da cerveja que tem demonstrado fazer a diferença.
Mais importante ainda, ele não recomenda que as pessoas pensem na cerveja como um medicamento. A cerveja é algo para ser apreciado. Não se sinta culpado por saciar o seu desejo.
“Quando consumida com moderação, faz parte de toda uma alimentação", refere Bamforth.