Esta dieta não funciona bem como as outras.

Em vez de prometer milagres que geralmente ficam por cumprir, «a Dieta You foca-se na saúde e em ajudar as pessoas a manterem-se jovens e a restabelecer a energia».

Tem, por isso, a vantagem de poder ser seguida «durante toda a vida», contrariamente a outros regimes, asseguram em entrevista à saber viver Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz, os médicos que participam regularmente no programa de televisão da apresentadora Oprah Winfrey.

«A maioria das dietas falha porque os alimentos recomendados não são suficientemente saborosos para que tenhamos vontade de os ingerir durante o resto da vida ou apresentam deficiências em micro e macronutrientes essenciais para o nosso organismo», referem.

«Apenas desaconselhamos a ingestão de açúcares simples, farinhas enriquecidas e branqueadas, gorduras saturadas e trans e xarope de milho com grande teor de frutose. Queremos que desfrutem de todos os outros, mesmo as gorduras saudáveis», acrescentam ainda.

O método You consiste, pois, em olhar para o corpo com excesso de gordura e tentar identificar a origem biológica do problema, tendo em conta que o nosso corpo está mais preparado para ganhar gordura do que para a perder. Um bom exemplo disso são os nossos antepassados que ganhavam peso e armazenavam gordura para poder resistir aos períodos de privação alimentar.

O mecanismo da fome

A base desta dieta, revela o livro de Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz, é «compreender e automatizar a nossa biologia, para podermos reiniciar o corpo e repor as definições originais», ingerindo todos os alimentos que contribuem para o correcto funcionamento dos nossos orgãos.

Por exemplo, se pensa que a fome é despoletada pelos barulhinhos que o seu estômago faz, saiba que está redondamente enganada. Todo este processo começa no cérebro, mais propriamente no hipotálamo que controla diversas funções biológicas, nomeadamente o apetite e o desejo sexual.

É nesta espécie de estação de comando que temos o nosso centro de saciedade que regula o apetite, influenciado por duas hormonas, a leptina e a grelina. A primeira é segregada pela gordura armazenada e se estiver a funcionar correctamente activa a sensação de saciedade e estimula o corpo a queimar mais calorias, enquanto a segunda envia sinais de fome de meia em meia hora e incentiva-nos a comer.

Como podemos controlar estas reacções químicas e vencer a grelina? Através do que ingerimos: «Se comermos os alimentos certos, como frutos secos, as hormonas transmitem-nos uma sensação de satisfação, enquanto que se optarmos pelos errados, como os que são ricos em açúcares simples, o nosso corpo continua a pedir comida».


Veja na página seguinte: Os mecanismos que favorecem o aumento de peso

Como engordamos

Na obra de Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz aprendemos que os alimentos são detectados pelo nosso cérebro mesmo antes de entrarem na boca e é a língua que informa o organismo sobre o que estamos a comer.

Quando ingeridos, os alimentos fazem várias paragens ao longo da viagem que representa o processo digestivo.

Depois de passarem algum tempo no estômago, são encaminhados para o intestino delgado, onde grande parte é absorvida e transferida para resto do organismo através da corrente sanguínea. «A comida que ingerimos ou é digerida e apanhada pela corrente sanguínea para ser usada como energia ou é digerida e armazenada sob a forma de gordura ou processada como desperdício», revelam os especialistas no livro.

Assim, um alimento rico em açúcares simples é absorvido rapidamente pelo fígado e se não for usado em energia é logo transformado em gordura. Já a digestão dos hidratos de carbono complexos (transformados em açúcar no intestino) é mais lenta, mas se não forem usados quando são libertados, também se transformarão em gordura.

As proteínas são alteradas em aminoácidos que vão para o fígado e, se não conseguirem ser enviadas para os músculos, também se convertem em glucose que, se não for usada como energia, transforma-se em gordura. Por último, temos as gorduras: as boas diminuem a reacção inflamatória do corpo, que muito contribui para a obesidade, e as más aumentam-na.

O ciclo vicioso da inflamação

Como explicam os médicos no seu bestseller, «comer alimentos pouco saudáveis é como ter uma infecção crónica que provoca uma reacção imunológica que, por sua vez, dá origem a uma inflamação». Muitas vezes, o aumento de peso não é mais do que um processo inflamatório e quanto mais inflamados estiverem os intestinos mais toxinas entram na corrente sanguínea.

Quando comemos, o nosso organismo absorve açúcar para as células cerebrais poderem funcionar, no entanto, se houver uma inflamação, a glucose não as atinge, dando origem a um ciclo vicioso: sentimos necessidade de ingerir mais açúcar e se o fizermos aumentamos o processo inflamatório e quanto maior for, mais riscos corremos de desenvolver diabetes, hipertensão, colesterol alto...

A reacção inflamatória envelhece-nos, torna as artérias menos elásticas e provoca o aumento da arteriosclerose, bem como as probabilidade das células se tornarem cancerosas.

Daí que, Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz sublinhem a importância de optarmos por alimentos anti-inflamatórios, os chamados «bons alimentos» nos quais se inclui, por exemplo, o chá verde, o peixe e os frutos. Assim, todos os alimentos que nos saciam e diminuem os processos inflamatórios, diminuem a tendência para engordar, são nutritivos e rejuvenescem-nos.


Texto: Rita Caetano com Michael F. Roizen (especialista em Medicina Interna) e Mehmet C. Oz (cirurgião cardiovascular)
Foto: Artur (com produção de Mónica Maia)