Não fazem milagres mas podem ser uma ajuda preciosa no início de uma dieta. Quem o diz é a nutricionista Alva Seixas Martins, que já acompanhou de perto a eficácia dos suplementos alimentares para emagrecer.

Contudo, a especialista ressalva que os seus efeitos só são realmente eficazes se à sua toma for aliada uma dieta saudável e a prática regular de atividade física. 

Sem estes dois pilares, entre outras mudanças comportamentais, não há nutrientes ou princípios ativos que resolvam o problema do excesso de peso. Além disso, «existem muitas ofertas no mercado, cuja composição é duvidosa, e que não têm qualquer eficácia», alerta ainda. Para que não caia em falsas expectativas, revelamos-lhe, de seguida, as fórmulas mais eficazes e todos os cuidados que deve seguir para que nada falhe.

O que é um suplemento alimentar?

Pode ser qualquer produto com o qual se pretenda suplementar a dieta e que contenha constituintes individualizados, tais como vitaminas, minerais, aminoácidos, extratos, ou as suas combinações, de composição nem sempre inteiramente conhecida. Pretende-se com o uso destes suplementos complementar, corrigir ou adaptar dietas para cada indivíduo.

Como atuam os suplementos alimentares?

O segredo está nos efeitos dos seus compostos. A lista é extensa e inclui crómio, chá verde, polifenois, cafeína, teobromina (chocolate), proteínas, vitamina C, zinco, ferro, vitamina B12, laranja amarga ou toranja, pimenta, ácido linoleico conjugado e vários tipos de fibras são alguns exemplos dos nutrientes/princípios ativos mais comuns na composição dos suplementos para emagrecer.

Todos eles trabalham para «aumentar o gasto energético e/ou reduzir o aporte calórico, diminuindo o apetite ou garantindo mais saciedade com menos comida ou, ainda, diminuindo a absorção de gorduras. Alguns ajudam também a eliminar edemas e a regular a eliminação de resíduos que, embora não ajudem a perder gordura, contribuem para a perda de peso», refere a nutricionista.

As substâncias mais eficazes

O ácido linoleico conjugado (ClA) e as fibras são, de acordo com a especialista, «os suplementos mais eficazes para emagrecer». As fibras, conhecidas pelo seu poderoso efeito saciante, deram, mais recentemente, origem a novas fórmulas que também eliminam parte das gorduras ingeridas. Já o CLA é, segundo a nutricionista, «um dos poucos suplementos que evidencia melhores resultados, ao longo do tempo».

Os seus efeitos a longo prazo estão mais relacionados com a composição corporal, já que interfere na distribuição da gordura corporal, reduzindo a massa gorda. este efeito milagroso deve-se à ação do ácido linoleico conjugado que tem a capacidade de inibir a atividade da enzima lPl, a enzima que transfere a gordura presente na corrente sanguínea para o interior das células adiposas, responsáveis por armazenar a gordura corporal.

Combinações poderosas

«Alguns princípios ativos ou nutrientes essenciais são melhor absorvidos quando combinados com outros. É o caso da vitamina C, que é melhor absorvida quando combinada com bioflavonoides», indica a nutricionista Alva Seixas Martins. Para potenciar os efeitos dos suplementos deverá ter também o cuidado de seguir algumas regras básicas como respeitar sempre o horário da toma.

«Os efeitos podem ser potenciados, se tomados em determinada hora ou parte do dia. Geralmente, devem ser tomados às refeições porque é nessa altura que são melhor absorvidos. no entanto, deve ler-se sempre as recomendações do fabricante», recomenda a nutricionista.

Quem deve tomar?

Qualquer pessoa saudável que tenha como objetivo perder peso mas, sobretudo, as pessoas com doenças crónicas que, sob uma dieta restritiva, necessitam de suplementação. A nutricionista alerta que os suplementos não têm como objetivo substituir a dieta, mas sim complementá-la.

«É importante que, antes de iniciar a sua toma, as pessoas estejam conscientes de que a sua eficácia depende diretamente de outras mudanças, nomeadamente na dieta, na rotina de exercício físico e na gestão emocional, que também interfere no processo de emagrecimento».

Alva Seixas Martins lembra ainda que, ao longo do tempo, a eficácia dos suplementos se vai perdendo. «A médio prazo, o organismo cria habituação aos princípios ativos ou nutrientes e o seu efeito vai diminuindo», explica.

O papel do nutricionista

Consultar um nutricionista é a melhor estratégia para não correr riscos desnecessários. «Muitos suplementos contêm ingredientes ativos com determinados efeitos biológicos que não os tornam seguros para todos e a suplementação inadequada, nomeadamente a sobredosagem, pode implicar riscos de intoxicação», explica a nutricionista Alva Seixas Martins.

«O nutricionista deverá certificar-se da segurança dos suplementos e da ausência de efeitos adversos importantes, mas também ter a preocupação de identificar os ingredientes e quantificar os seus princípios ativos (considerar a quantidade dos princípios ativos e não das plantas ou dos minerais no seu todo, por exemplo)», alerta a especialista.

Certificar-se que o princípio ativo é bio disponível no organismo é outro cuidado fundamental, a par da verificação de evidências científicas sobre os ingredientes e mecanismos de ação.

5 funções essenciais dos suplementos:

1. Reduzem a ingestão alimentar, aumentando a sensação de saciedade, graças à ação direta sobre o sistema nervoso central.

2. Aumentam o gasto energético, nomeadamente, estimulando o sistema nervoso e a oxidação lipídica (o processo de queima de gordura).

3. Inibem parcialmente a absorção de nutrientes energéticos (aqueles que são responsáveis pela acumulação de gordura corporal) como os lípidos e os glícidos.

4. Poupam a massa muscular e inibem a formação de gordura e consequente deposição no tecido gordo, quando existe energia em excesso.

5. Regulam o humor, pois este também interfere com o consumo alimentar.

A evitar

Não tome suplementos se:

- Está grávida ou a amamentar.
- Sofre de alguma doença crónica como a diabetes.
- Toma medicamentos.
- Toma outros suplementos, como ervas dietéticas.
- Está ainda a recuperar de um problema de saúde recente.
- Tem alergias. Neste caso, o nutricionista deverá identificar a que substâncias e verificar as alergias cruzadas.

Texto: Sofia Cardoso com Alva Seixas Martins (nutricionista)