E se os quilinhos que teimam em estragar o seu look de verão desaparecessem apenas com um gesto? São de todas as cores, sabores e formas, estão disponíveis em cápsulas, em líquido ou em pó, mas o objetivo resume-se a um só, o de reduzir números na balança, de preferência sem esforço e o quanto antes. Considerados suplementos dietéticos, não requerem receita médica e prometem uma perda de peso rápida, eficaz e indolor.

Em 2016, segundo dados veículados pela imprensa, os portugueses gastaram cerca de 75 milhões de euros em produtos para emagrecer. No período entre abril e junho, a procura aumenta e as vendas sobem. Mas qual será a contrapartida destas fórmulas inovadoras que, nas últimas décadas, inundaram o mercado? Convidámos Vanda Paiva, nutricionista, a debruçar-se sobre esta e outras questões. Eis o seu veredito...

As contraindicações a ter em conta

Ao contrário do que possa pensar, não são todos iguais. A maioria dos suplementos dietéticos reduz o volume e a retenção de líquidos, graças às propriedades diuréticas e estimulantes das suas formulações. Alguns incluem fibras, antioxidantes ou favorecem a eliminição das gorduras. A cafeína e o chá verde são os ingredientes-chave de muitos destes produtos, como se constata ao ler as bulas destes suplementos.

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"Num indivíduo saudável, aceleram o metabolismo e, associadas à prática de exercício físico, desencadeiam um maior gasto energético", explica a nutricionista, frisando que estas substâncias excitantes são contraindicadas "em caso de hipertensão, arritmia cardíaca ou outra patologia cardíaca". Outro elemento é o ácido linoleico, muitas vezes comercializado pelas marcas como CLA, "uma gordura polinsaturada estimulante muscular que, associada ao exercício, acelera o gasto de energia muscular", sublinha ainda Vanda Paiva.

Existem ainda as proantocianidinas da canela, que reduzem a absorção de gorduras, para além do magnésio, que participa em muitas das reações enzimáticas que ocorrem no organismo. Como já deve ter notado, a maioria das marcas recomenda a toma dos suplementos durante dois a três meses. Esta regra não é fruto da coincidência e respeita um intervalo de segurança válido para qualquer suplemento.

"Mais do que esse período pode afetar o sistema renal e hepático, gerando uma saturação", afirma a nutricionista. E pode combinar-se um suplemento adelgaçante com um que bronzeia? Para Vanda Paiva, não há contraindicação, pois "têm composições e funções diferentes. Os estimulantes de bronzeado são ricos em carotenóides e vitamina E, que estimula a melanina, tal como a cenoura".

As (outras) recomendações da especialista

Seja qual for o suplemento que pretenda tomar, este "não deve ser tomado sem aconselhamento de um especialista", afirma Vanda Paiva, exemplificando que, em certos casos, "pode ser associado ao acompanhamento nutricional da pessoa quando esta é resistente à dieta e ao exercício físico aconselhado. O suplemento serve apenas como incentivo, pois os resultados obtidos não são duradouros", diz.

"Por isso, nunca se deve dissociar da dieta equilibrada e do exercício", alerta a especialista. De facto, o êxito dos suplementos depende também de uma ação conjunta. A toma deve ser complementada com uma a alimentação mais regrada e com uma atividade física reforçada. Perder peso implica perder líquidos e, embora esta fase seja rápida, "não é saudável e, sem acompanhamento, o peso tende a regressar".

"Emagrecer pressupõe perder a massa gorda em excesso, algo gradual e só conseguido com exercício físico e redução do aporte calórico", defende ainda a nutricionista. Se pretende tomar um suplemento adelgaçante, não se esqueça de, antes de o começar a fazer, consultar o seu médico, manter uma dieta completa e equilibrada e não exceder os três meses de toma. Só desta forma estará a defender-se e a proteger a sua saúde.

Texto: Manuela Vasconcelos com Vanda Paiva (nutricionista)