A dieta pode influenciar o risco de ter cancro da mama? Esta questão já foi colocada por muitos médicos e por muitos especialistas internacionais. Com base em vários estudos científicos, é credível que o tipo de alimentação esteja de alguma forma relacionado com o risco de cancro da mama. Trata-se de uma doença entre seis a dez vezes mais frequente nos países ocidentais do que nos asiáticos. Esta diferença não é, pelo menos em grande parte, devida a fatores genéticos.

Estudos realizados nos últimos anos comprovam a descendência das mulheres asiáticas que migram para países com elevado risco, como os Estados Unidos da América, que acabam por ter uma incidência sobreponível à da população hospedeira, ao fim de duas gerações, em média. Através do cruzamento de dados recolhidos em várias observações, admite-se, contudo, que as dietas hipercalóricas, típicas dos países ocidentais, possam ter alguma influência.

Ricos em gorduras saturadas, açúcares, produtos industrializados e agentes de conservação, estes regimes alimentares comuns aumentam o risco de cancro da mama. Alimentos ricos em gordura saturada, como as carnes vermelhas e os laticínios gordos como a manteiga, as natas e alguns queijos, também na origem de muitos doces, folhados e bolos, estão associados a aumento do risco de doença arteriosclerótica, causada pelo depósito de gordura nas artérias.

Alimentos com menos efeitos arterioscleróticos

Os alimentos ricos em gorduras insaturadas, como é o caso do azeite e do óleo de soja e do óleo de girassol, têm menos efeitos arterioscleróticos. Parece assim razoável, com base nos dados disponíveis relativamente ao cancro da mama e da doença arteriosclerótica, aconselhar uma alimentação mais rica em gorduras saudáveis insaturadas, mono e polinsaturadas, com o aumento do consumo de azeite, de soja e de outras fontes das mesmas, nozes e óleos vegetais.

Fique sem dúvidas sobre o cancro da mama. Os esclarecimentos de uma das mais reputadas oncologistas nacionais
Fique sem dúvidas sobre o cancro da mama. Os esclarecimentos de uma das mais reputadas oncologistas nacionais
Ver artigo

Ricos em ácidos gordos ómega-6, estes ingredientes alimentares são recomendados, assim como os peixes gordos, ricos em ácidos gordos ómega-3, em vez de carnes, laticínios e alimentos processados, desaconselhados. Relativamente aos laticínios, admite-se que fundamentalmente o queijo e o leite gordos estejam associados a um aumento do risco de cancro da mama. Também o consumo elevado de álcool está associado a aumento do risco de neoplasia da mama. Os fitoestrogéneos correspondem a produtos que contêm estrogéneos em plantas. A palavra fito significa planta em grego. Dentro destes encontram-se a soja, os cereais, como o trigo, o arroz integral, a cevada, a aveia integral. A lista inclui ainda a cenoura, a cebola e o milho.

O feijão e a ervilha também são recomendados, tal como vários frutos, saudáveis e nutritivos, como as cerejas e as maçãs. A forma de se assegurar a presença de fitoestrogéneos na dieta quotidiana é tendo uma alimentação rica em fruta e vegetais. Admite-se que a abundância destes produtos nas dietas dos países orientais possa estar relacionada com a baixa incidência do cancro da mama nos mesmos. Contudo, isso ainda não está cientificamente provado.

Os alimentos envolvidos no controlo da multiplicação celular

Os dados já existentes sobre o risco de cancro da mama associado à terapêutica hormonal de substituição levam, no entanto, a que cada vez mais se usem produtos naturais contendo fitoestrogéneos no período da menopausa. Os agentes antioxidantes, como foi o caso do mineral selénio e das vitaminas A, C e E, encontrados em vegetais, frutos e cereais têm efeito protetor devido à sua atividade antioxidante, estando envolvidos no controlo da multiplicação celular.

Por essa razão, depreende-se daí a importância que podem ter na carcinogénese, atuando como agentes protetores contra vários tipos de cancros. Relativamente a bebidas como o café, nunca foi demonstrada qualquer associação entre o seu consumo e o aumento do risco de cancro da mama. No que respeita ao chá preto, de acordo com vários estudos, parece constituir um fator protetor, contrariamente ao chá verde em que não foi demonstrado qualquer tipo de relação.

Do que foi exposto anteriormente, pode concluir-se que uma alimentação equilibrada, pobre em calorias, evitando as gorduras animais e os alimentos açucarados e, em contrapartida, rica em fibra, com aumento do consumo de cereais, de vegetais e de frutos, é, seguramente, mais saudável, prevenindo várias doenças, nomeadamente a arteriosclerose e até mesmo vários tipos de cancros. A opção pelos ingredientes de (agri)cultura biológica também é recomendada.

A melhor altura para alterar hábitos alimentares

Todas as alturas são boas para começar a investir naquilo que nos faz (mesmo) bem. Este tipo de alimentação deve, idealmente, iniciar-se durante a gravidez, dado que vai influenciar o desenvolvimento do feto. E é fundamental que, como recomendam os médicos, prossiga ao longo da infância e adolescência, dado que há indícios de que possam ter maior influência no risco de desenvolver cancro da mama do que as dietas consumidas, depois, na idade adulta.

De facto, há dados que indiciam e atestam que uma dieta rica em carne e pobre em vegetais, cereais e frutos diminui a idade de aparecimento da primeira menstruação (menarca) e aumenta a idade da menopausa, conduzindo assim a um aumento discreto do risco de cancro da mama. Ao longo das últimas décadas, foram vários os estudos científicos internacionais, muitos deles defendidos por médicos nacionais, que também foram apontando nesse sentido.

Como deve ser uma dieta saudável

- Deve ser pobre em calorias.

- Deve ser pobre em sal.

- Deve ter preferência por cozidos, grelhados, assados sem molho e estufados simples (sem refogar). A carne não deve ficar queimada.

Dieta saudável anti-cancro da mama

4 hábitos saudáveis que previnem o cancro

De acordo com Ana Paula Avillez, médica imagiologista especialista em senologia, há comportamentos que as mulheres devem interiorizar:

1. Reduza ou elimine

A lista inclui as gorduras animais saturadas, presentes nas carnes vermelhas, na manteiga, nas natas, nos queijos gordos e na banha. Os açúcares e derivados, como é o caso dos bolos, das bebidas açucaradas, das gomas e dos chocolates, também são proibidos, assim como as bebidas alcoólicas.

2. Aumente

Aumentar o consumo de fibras, através do uso de hortaliças e de fruta, é outra das estratégias a seguir. Passar a comer mais peixes ricos em gordura saudável, com ácidos gordos ómega-3, como o salmão, a sardinha, o atum, a cavala, a sarda e o sável, é outro dos conselhos. Aumente também a ingestão de alimentos que possuem substâncias antioxidantes, sobretudo vitaminas A, C e E.

Estas substâncias antioxidantes encontram-se nos vegetais de cor escura, como as couves, os espinafres, os brócolos e as cenouras. Também as pode captar nos frutos de cor laranja, como a laranja, o melão, a papaia, o mamão e o alperce. Minerais como o selénio encontram-se nos legumes, como a cebola e o alho fresco. Os fitoquímicos estão no tomate, nas couves, no chá verde, no azeite virgem, no cacau, no limão e nas uvas.

3. Faça

Fazer entre seis a sete refeições por dia, comendo devagar e mastigando bem, é outra das recomendações da especialista, autora de "34 copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade", um livro publicado pela editora Academia do Livro.

4. Hidrate-se

Beber bastante água para diminuir o apetite.