Faltavam uns dias até chegar o Ano Novo e prometeu a si mesma que nesses dias iria ter cuidado com a alimentação. Mas não foi isso que aconteceu, muito pelo contrário. Sobraram muitas coisas que teve de comer, para não deitar fora. Depois foram todos aqueles chocolates que lhe ofereceram no Natal e que também não podia deitar fora… E mais isto… Mais aquilo… Dá por si e já é dia 31 de Dezembro. Outro dia para as “asneiras”. Para muitas “asneiras”.

O que vale é que entramos num novo ano e “agora é que vai ser tudo diferente” e “vou cumprir todas as minhas promessas, principalmente ser mais saudável e emagrecer”.

Concordo com isto tudo mas… De um ano para o outro, ou de um dia para o outro, as coisas não mudam assim! Esta motivação inicial dura apenas uns dias. Porquê? Porque as tentações estão na mesma à sua frente. E, essencialmente, porque o seu pensamento em relação à comida não se alterou.

E chegamos àquele ponto em que estamos numa luta interna constante entre manter a dieta ou ceder aos desejos por certos alimentos tentadores.

Portanto, comer ou não comer? Eis a questão… Que vos quero responder apenas com três dicas:

Ficarei bem comigo mesma após comer este alimento?

O grande problema não é ceder a um determinado alimento tentador. O grande problema é como nos sentimos depois disso e a frequência com que o fazemos.

Por exemplo, se ceder a um alimento tentador uma vez por semana, não será um grande problema, que meta em causa todo o seu processo de emagrecimento. Logo à partida, já sabe que quando cede, passado uns minutos já está programada para o estilo de vida saudável.

Agora, se ceder várias vezes e se, com isso, ficar triste, desanimado e frustrado consigo próprio será mais difícil. Porque depois de surgirem estes sentimentos, surge a compensação que fará com novos alimentos tentadores e entramos num ciclo vicioso.

Portanto, decida o que quer. Comer para ter um prazer de 5 minutos e posteriormente se sentir mal consigo próprio por (mais uma vez) ter falhado? Ou não comer e sentir-se vitorioso?

Tem mesmo necessidade de comer isso?

Necessidade é diferente de vontade. Fome é diferente de desejo. Há que avaliar, antes de comer esse alimento tentador, o porquê de o querer fazer. Porque tem fome? Se assim for, então outro alimento bem mais saudável poderá resolver esse problema. Se for apenas por desejo ou vontade, e se isso começar a ser muito frequente, poderemos estar perante um problema mais grave.

Quais as consequências emocionais que irão surgir, após comer esse alimento?

Todos os nossos atos têm consequências. Temos de aprender a visualizá-las antes de as cometermos. Como pode fazer isso em relação à comida? Tudo isto envolve um treino mental, uma mudança de pensamentos.

Se comer esse alimento, como talvez o faça mais vezes, tem consequências. Físicas, porque pode aumentar de peso, como já todos sabemos. Mas… E as emocionais? E a auto estima? E a falta de controlo? Os sentimentos de incapacidade e frustração?

O facto de conseguir resistir a determinados alimentos e dizer-lhes que Não, irá trazer-lhe consequências muito positivas, nomeadamente, mais confiança em si própria, mais orgulho, mais auto-eficácia e mais auto estima.

Mas tudo isto tem de ser treinado. Com a ajuda de um psicólogo, as coisas tornam-se bem mais fáceis.

E isso é muito mais importante que um pão com queijo e fiambre ou uma caixa de bolachas… Mas eu não preciso de dizer-lhe isto, eu sei que já sabe.

Por Mafalda Leitão, Psicóloga nas Clínicas Em Forma