Cada vez mais a canela é indicada como um alimento funcional, devido as suas imensas propriedades, aliada a um sabor que praticamente toda a gente adora. Tal como qualquer alimento que está na moda, há uma tendência para facilmente se exagerar no seu consumo.

A canela tem propriedades anti-oxidantes, ajuda a reduzir o açúcar no sangue, anti-séptica, anestésica local (em óleo essencial), é anti-inflamatória, tem propriedades carminativas e anti-flatulência, funciona como um anti-coagulante sanguíneo, tem propriedades digestivas e termogénicas, acelera o metabolismo e é rica em minerais. Tem ainda associadas propriedades anti-cancerígenas, anti-aging e um estudo recente refere propriedades neurotrópicas.
É cada vez mais adicionada em iogurtes, chás, sobremesas, fruta ou mesmo tomada em suplementos.

Contudo, nem toda a canela é igual e é necessário ter em atenção que doses mais elevadas da canela “falsa” pode ser tóxica. E infelizmente, este é o tipo de canela mais presente no mercado.

Mas não é preciso ficar preocupado quando se utiliza apenas para aromatizar um iogurte ou frutas.
Embora relacionadas, a canela e a cássia não são obtidas da mesma planta. E devem ser tratadas como alimentos distintos, a partir do ponto de vista da saúde.

Cientificamente falando, só há uma canela verdadeira, popularmente conhecida como “canela-do-ceilão”, e é originada da planta Cinnamomum zeylanicum. Outro nome botânico alternativo para canela-do-ceilão é Cinnamomum verum, que traduzido significa “canela-verdadeira”.

O termo “cássia” não se refere à canela-do-Ceilão, mas sim a outras espécies de canela, incluindo Cinnamomum cassia (alternativamente chamada de Cinnamomum aromaticum) e Burmannii Cinnamomum. Em alguns casos podemos encontrar a nomenclatura Aromaticum Cinnamomum referindo-se à “canela-chinesa” ou “canela-Saigon”, e ainda Cinnamomum burmannii referindo-se à “canela-de-Java” ou “cássia-Padang”.

A canela-do-ceilão, além da dificuldade de ser encontrada em mercados convencionais, quando encontrada, seu preço é relativamente mais elevado do que outras espécies de canela e é esta que está associada a potenciais benefícios para a saúde.

No entanto, ambas as espécies pertencem à mesma família de plantas (Lauraceae, a família de louro) e também ao mesmo género (Cinnamomum). Em alguns estudos realizados em ratos, as cássias também demonstraram capacidade de regular o açúcar no sangue.

O caso da canela em pau, existem algumas características que facilitam a identificação. Quantidade de lascas em cada vara, enquanto a cássia apresenta apenas uma lasca, a canela-verdadeira tem lascas mais finas e sobrepostas uma por cima da outra, formando assim várias camadas. Depois de encontrar o verdadeiro pau de canela, você pode utilizar um moedor de café ou um pilão para transformar em pó.

Mas o fato é que a canela-verdadeira e a cássia não têm em comum o seu conteúdo cumarina. As cumarinas ocorrem naturalmente nestas plantas e têm propriedades anticoagulantes intensas. Levando em consideração que nosso sangue precisa manter a capacidade de coagulação, a ingestão excessiva de cumarina por longos períodos pode apresentar riscos à saúde.

Enquanto os níveis de cumarina presentes na canela-verdadeira apresentam-se baixos, os níveis presentes nas cássias parecem ser bem maiores e isso pode constituir um risco para os indivíduos quando consumidos em quantidades regularmente.

Por esta razão, organizações como o Instituto Federal de Avaliação de Risco em Berlim, Alemanha, recomendaram que grandes quantidades de Cinnamomum cassia devem ser evitadas.

Grandes quantidades do seu pó (mais de 5 gramas) de canela do tipo cássia, com elevados níveis de cumarina, pode irritar o estômago, agravar úlceras, aumentar a frequência cardíaca, provocar contrações uterinas (abortiva) e diluir muito a sangue ao ponto de causar hemorragias (para quem já toma por exemplo anti-coagulantes).

Vamos então consumir a deliciosa canela, mas escolher a correcta e não abusar das doses. Todos os alimentos, mesmo os bons, em excesso podem trazer problemas de saúde.

Miguel Figueiredo
Medicina integrada Funcional/Coaching alimentar
Formador: curso de Alimentação Saudável e Funcional

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