A Joana costumava caminhar sozinha até que um dia, num dos seus passeios pelo campo, descobriu uma dezena de pessoas a caminhar entusiasticamente. Vestiam uma t-shirt com a inscrição +PPL. Intrigada, perguntou-lhes o significado da sigla.

Explicaram-lhe que era o lema do grupo: mais Passeios, mais Passos e mais Lazer. A ideia foi de um dos membros do grupo, constituído por pessoas muito diferentes.

Joana juntou-se ao grupo e, desde esse dia, compreendeu a veracidade da mensagem contida no lema e passou a desafiar as pessoas que caminham sozinhas a entrar para um grupo de caminhantes ou a formarem um, porque é uma das melhores formas de desfrutar e aproveitar as saídas, combater a preguiça e ir progredindo.

Formais ou informais, competitivos ou recreativos, cosmopolitas ou campestres, de mães e pais, de casais ou divorciados. Não importa o tipo de grupo, todos incentivam a caminhar mais e melhor. Se preferir caminhar sozinha, continue com o seu estilo all by yourself, apesar de não perder nada – e pode até ganhar muito – experimentando a experiência em grupo.

10 motivos para criar um grupo

1. Não só faz com que seja mais agradável e divertido, como se torna mais seguro, porque evita que enfrente sozinho qualquer acidente, problema físico ou ameaça externa. Os membros do grupo preocupam-se uns com os outros.

2. Fomenta a continuidade no tempo das caminhadas e a regularidade do exercício físico entre os membros, porque há uma pressão saudável entre os companheiros de marcha.

3. A caminhada é feita numa intensidade em que se pode conversar, sendo por isso uma fonte de ideias. Para além disso, permite que cada um fale dos seus problemas, ajudando a digerir e resolvê-los.

4. Permite-lhe ir falando sobre banalidades e, assim, desligar-se do stress, relaxar e regressar à rotina com uma perspectiva mais positiva das suas actividades do quotidiano.

5. Pode dar azo a uma conversa profunda, inesperada e surpreendente, que lhe  poderá vir a dar motivação e enriquecimento pessoal.

6. Incentiva-o a rir, dando-lhe uma dose extra de saúde, uma vez que 5 minutos de riso sincero mobilizam uma infinidade de músculos e equivalem a mais de 30 minutos de exercício aeróbio ligeiro.

7. Mantém os seus programas vigentes e impede que a sua motivação diminua,  mesmo que às vezes possa estar convencido de que tinha coisas mais importantes para fazer.

8. Gratifica-o e permite-lhe conhecer pessoas novas, com diferentes ambições e experiências de vida. A relação com elas fomenta o crescimento pessoal.

9. Transforma a equipa num autêntico fórum onde se abordam temas de variada índole. E a relação entre as pessoas vai mais além do que a caminhada, porque surgem amizades e reencontros.

10. Permite trocar informação sobre novos percursos e truques de marcha, além de conselhos sobre calçado e indumentária.

Formar um grupo

Vários estudos médicos indicam que muito pouca gente consegue manter uma rotina para ficar em forma, a longo prazo, se não contar com alguns companheiros de fadiga.

Os seres humanos precisam de apoio social.

Em equipa costumamos funcionar melhor, porque o grupo oferece valores acrescidos de convivência, companheirismo, apoio, ajuda, motivação, segurança e sentimento de pertença.

5 conselhos essenciais

1. Recrutar caminhantes no seu círculo mais próximo (namorado, familiares, amigos, entre outros), já que assim terá algo em comum com os seus parceiros e poderá inclusive fortalecer laços.

2. Procurar, à sua volta, pessoas que tenham aspirações parecidas com as suas. Pergunte aos seus vizinhos, nos locais onde faz compras ou que frequenta habitualmente. De certeza que vai encontrar alguém!

3. Não pensar na quantidade de pessoas que vão compor o grupo: não há mínimos nem máximos. Dentro dele formam-se, habitualmente, subgrupos mas, no final, ninguém fica isolado.

4. Escolher um circuito com alguns desníveis e uma certa dificuldade, para que não seja monótono, e com uma distância controlada (por exemplo, 5 quilómetros), apesar dos participantes poderem determinar, em última análise, o percurso a  realizar.

5. Formar grupos de caminhada de mães e pais activos. Enquanto os filhos praticam a sua actividade (futebol, natação, atletismo, patinagem, entre outros), eles podem dar um passeio.

Para começar com o pé direito

Se já reuniu um grupo e
conseguiu entusiasmar mais de uma pessoa, concentre-se numa série de
medidas básicas para aplicar como princípios no seu grupo:

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Antes de realizarem a primeira caminhada juntos, convém que o grupo se
reúna para falar sobre velocidades, distâncias, horários, preferências e
tudo aquilo que promove uma maior harmonia entre os participantes. Defina uma hora e um local para se encontrarem regularmente para caminhar. Todos devem estar de acordo.

- Estabeleça um percurso fixo e uma margem de atraso de 5 minutos. Assim, quem chegar atrasado pode integrar a caminhada.
As condições meteorológicas não devem dissuadi-los. Adquiram o hábito
de  caminhar, quer chova ou faça sol. Quem quiser ir, vai.

- Se for possível, reúna as moradas de correio electrónico dos membros do grupo. Este meio facilita bastante a comunicação. Também não perca muito tempo a estabelecer regras. Muitos grupos bem sucedidos  contam com uma estrutura mínima.

- Proponha uma saída em grupo de vez em quando, como por exemplo um piquenique depois de caminhar num sábado à tarde.

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Tente que os membros tenham aptidões e estados físicos semelhantes,
para evitar que os mais rápidos se vejam travados pelos mais lentos e
que os principiantes se frustrem perante os mais experientes.

-
Por outro lado, é uma boa ideia o grupo ser relativamente heterogéneo
em  termos de estado físico (sem cair nos extremos), já que motiva os
seus membros a trabalhar mais, a compreender o que é a tolerância, a
paciência e a empatia, ou a ultrapassar os seus limites anteriores com a
ajuda ou o estímulo dos demais.

Quer ser uma mais-valia no seu grupo? Tente seguir estes gestos simples de boa convivência:

1. Seja pontual
Se combinou um local e hora de encontro, respeite-os. Se chegar tarde, vai atrasar o resto do grupo e encurtar a caminhada.

2. Defina as suas metas
Velocidade, desnível, terreno, distâncias... O ideal é combinar apenas a duração, para desfrutar do caminho e da companhia, sem expectativas e estar aberto ao que for surgindo.

3. Desfrute da conversa
Siga a sua intuição e, se ainda não tiver muita confiança com os restantes membros, evite os temas mais controversos. Religião, política e futebol são assuntos que devem ficar à margem das vossas caminhadas.

4. Partilhe a informação médica
Convém que os outros saibam se sofre de diabetes, de asma, de epilepsia, de alergias ou de doenças cardiovasculares.

5. Pergunte primeiro
Se levar um amigo novo ou o seu cão, por exemplo, informe previamente o grupo.

6. Respeito e flexibilidade nas paragens
Se precisa de descansar de vez em quando ou gosta de fazer paragens, diga aos outros para que não fiquem impacientes.

Escolher um grupo

Estes são alguns dos locais que podem ter um programa de caminhadas em grupo ou aos quais pode propor formar um:

- Clubes de saúde, desportivos e de fitness, ginásios, associações juvenis e de  seniores. As pessoas que frequentam estes locais têm consciência das vantagens da actividade física.

- Locais de trabalho. Depois de almoçar pode reservar algum tempo para  organizar uma caminhada curta com alguns colegas.

- Companhias de seguros médicos. Algumas incluem entre os seus serviços a participação em programas de caminhadas. As organizações ecologistas ou membros de jardins botânicos também são uma boa opção. As caminhadas partilhadas ajudam a valorizar e proteger a Natureza.

- Associações de vizinhos, círculos de leitores, clubes de diferentes actividades e de aficcionados. Quem se reúne habitualmente para conversar também pode fazê-lo para caminhar. Pode também recorrer a sociedades para a protecção e conservação do património histórico. Algumas organizam visitas guiadas.

- Centros culturais, educativos ou de educação sobre o meio ambiente,  agrupamentos, universidades,bibliotecas... Algumas entidades públicas usam os seus terrenos e serviços como base para programas de caminhadas.

- Clubes ou associações de bairro, comunitárias ou não governamentais. As caminhadas são uma óptima forma de fomentar a solidariedade, a aproximação e o desenvolvimento de novas iniciativas. Os mercados, lojas e supermercados da sua zona de residência podem também servir de recurso. Alguns têm um quadro onde se afixam convocatórias e cartazes.

- Clubes de marcha. Em Portugal e noutros países, há inúmeras associações  especializadas em diferentes tipos de caminhadas, como a marcha Nórdica. Informe-se sobre elas em agências ou na Internet. Pode ainda recorrer a hospitais, clínicas, centros de saúde, centros de reabilitação,
termas, associações de doentes. Os médicos recomendam caminhar para
prevenir doenças e ganhar saúde.

Texto: Madalena Alçada Baptista