O peixe e o marisco fornecem muitos nutrientes como ácidos gordos, proteínas, vitaminas e minerais, que são essenciais para uma dieta saudável. Porém, o peixe é também uma fonte de contaminantes (por exemplo, metilmercúrio, arsénio e poluentes orgânicos persistentes, com impacto negativo na saúde.

O objetivo deste estudo era determinar a quantidade ideal de peixe e marisco que devemos consumir por semana, de forma a otimizar a ingestão de nutrientes mas limitar a exposição a contaminantes; com a condição de que as doses recomendadas poderiam ser alcançadas e toleradas, enquanto as doses de contaminantes não poderiam ser excedidas.

Os frutos do mar considerados incluíam peixe fresco e congelado, crustáceos e produtos em conserva e fumados. Os contaminantes selecionados pela análise risco/benefício incluíram arsénico inorgânico, cadmio, metilmercúrio, dioxano e furano e PCB (policlorobifenilos). Os nutrientes selecionados incluíam EPA (ácido eicosapentaenóico e DHA (ácido docosahexaenóico), vitamina D, iodo, selénio, zinco, cobre e cálcio.  

Foi elaborada uma hierarquia dos produtos para determinar  quais as semelhanças na composição nutricional e médias de contaminação. Assim, foram identificados cinco categorias.

Categoria 1 – Enguia

Categoria 2 – Cavala fumada

Categoria 3 – peixes meio gordos

Categoria 4 – peixes gordos

Categoria 5 – peixes magros, moluscos e crustáceos (exceto caranguejo)

 

O consumo semanal de cada categoria foi calculado no peso médio de um francês adulto (70 kg). A concentração média de nutrientes ou contaminantes foi determinada em cada categoria recorrendo a dois cenários, uma que incluía e outro que excluía o consumo diário habitual.

 

Só as categorias 3, 4 e 5 foram tidas em conta na análise risco/benefício. A categoria 1 foi excluída, uma vez que foi considerado que as enguias apanhadas nos rios de França não cumpriam os limites regulamentares. A categoria 2 foi excluída porque o consumo de cavala fumada em França não é expressivo.

Os resultados deste estudo concluíram que o consumo ótimo de peixes e marisco parece ser:

- 181g a 213 g por semana de peixe gordo (peixe-espada, arenque, halibute, salmão, cavala e sardinha) seja fresco, congelado ou em conserva; acrescido de 26 a 72 g de peixe magro, moluscos e crustáceos

Este consumo assegura o máximo de ingestão de vitamina D e a exposição mínima a arsénico inorgânico pela população em geral. Além disso, vai ao encontro dos valores recomendados de ácidos gordos (EPA e DHA), selénio e iodo, não ultrapassando os valores base de cadmio, dioxinas e PCB ou os valores seguros de zinco, cálcio e cobre.

Este estudo está em linha com as recomendações de diferentes comités - por exemplo, o consumo de peixe duas vezes por semana recomendado em Inglaterra, Estados Unidos ou Holanda. Contudo, geralmente é recomendado o consumo de peixe gordo apenas uma vez por semana, enquanto este estudo calcula o equivalente a duas porções de peixe gordo por semana.

 

Fonte: EUFIC