"É na mobilidade que temos os principais problemas em termos de emissões de gases com efeito de estufa, é o principal setor responsável pelas emissões nomeadamente de dióxido de carbono", mas também em termos de poluentes, afirmou o presidente da Zero.

Francisco Ferreira, especialista nesta área, falava à agência Lusa a propósito da publicação em Diário da República da Estratégia Nacional para a Qualidade do Ar (ENAR 2020), na sexta-feira.

O setor dos transportes, principalmente o rodoviário, e neste o individual, é o principal responsável pelas emissões de gases com efeito de estufa e ao mesmo tempo onde se verificam maiores emissões, de partículas e de óxido de azoto.

Estes dois poluentes "estão a ultrapassar valores limite, de acordo com dados provisórios relativos a 2015 nomeadamente no centro de Lisboa, na zona da avenida da Liberdade", referiu o presidente da Associação Sistema terrestre Sustentável - Zero.

Leia ainda15 consequências das alterações climáticas para a saúde

Leia tambémOs 10 lugares mais poluídos do mundo

"É absolutamente fundamental que medidas que foram elencadas, como a necessidade de planos de mobilidade e transportes para municípios com mais de 50 mil habitantes ou capitais de distrito ou planos de ação de mobilidade urbana sustentável", sejam concretizadas, defendeu.

As empresas que são pólos importantes de deslocações também devem ter planos de mobilidade, realçou Francisco Ferreira, apontado como fundamental que "as escolas possam começar a fomentar, com as devidas condições de segurança, planos de mobilidade escolar, medidas previstas na ENAR".

Falou ainda de outras questões relacionadas com a melhoria da frota de táxis, promoção de transporte público e incentivo ao uso da bicicleta.

"Temos muita informação dispersa em situações locais onde há queixas da população, por vezes ultrapassagens dos valores limite", e a ação da inspeção a seguir todos os casos, avaliá-los e dar resposta para os resolver é também objetivo importante na ENAR 2020, consideram os ambientalistas.

A melhoria dos mecanismos de informação ao público da parte dos organismos do ambiente, em conjunto com a proteção civil, foi, assim, outro ponto listado por Francisco Ferreira, recordando que, este ano, "houve ultrapassagem de limiares de informação e limiares de alerta para o ozono, um poluente de risco para as populações".

"Percebemos que esta informação não estava a conseguir chegar atempadamente" à população, alertou.

Assim, deve-se "começar a juntar esforços e medidas, dando informação, adquirindo mais conhecimento e garantindo a implementação do que está previsto" para reduzir emissões dos gases com efeito de estufa e para melhorar a qualidade do ar, são tarefas listadas como fundamentais.

A Zero tem insistido na importância da ligação entre as políticas e medidas relativas às alterações climáticas e à melhoria da qualidade do ar.

Os ambientalistas também defendem que as metas inicialmente traça das para 2020 e 2030 nas alterações climáticas devem ser mais exigentes, pois Portugal "está muito melhor face às projeções feitas", em termos de emissões, o que seria importante para descarbonizar a economia.