A investigação sobre 25 testes clínicos realizados em 14 países, alguns dos quais apontaram resultados contraditórios, descobriu "a primeira prova definitiva" da relação entre a vitamina D e a prevenção da gripe, afirmaram pesquisadores na revista British Medical Journal (BMJ).

Os efeitos são maiores nas pessoas que têm baixos níveis deste nutriente, que se encontra em alguns alimentos e é absorvido pelo corpo quando a pele se expõe à luz ultravioleta. Muitas pessoas, principalmente de países com climas frios e nublados, não tem vitamina D suficiente.

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Durante anos, os estudos científicos defenderam conclusões opostas sobre este tema. Alguns deles demonstram que as pessoas com níveis baixos desta vitamina têm mais risco de sofrer fraturas ósseas, doenças cardíacas, cancro do cólon, diabetes, depressão ou Alzheimer. Para outros, não existe uma prova que corrobore este risco.

Esta nova investigação, realizada pelos investigadores da Universidade Queen Mary de Londres com base numa amostra gigantesca com 11.000 participantes, esclarece por que os suplementos parecem funcionar em alguns testes e não em outros.

"A conclusão é que os efeitos protetores dos suplementos de vitamina D são mais fortes nas pessoas que têm níveis mais baixos de vitamina D e também quando o suplemento é fornecido diariamente ou a cada semana, mais do que em doses espaçadas", disse o diretor da pesquisa, Adrian Martineau, em um comunicado.

Uma hipótese

A vitamina D protege contra infecções respiratórias, incluindo a bronquite e a pneumonia, ao aumentar os níveis de peptídeos antibióticos nos pulmões, segundo os cientistas.

Isto coincide com a observação de que gripes e constipações são mais comuns no inverno e na primavera, quando os níveis de vitamina D são mais baixos. Também explica por que a vitamina D protege contra os ataques de asma, acrescentaram.

Num editorial publicado com o estudo, os especialistas Mark Bolland e Alison Avenell afirmam que as conclusões devem ser consideradas como uma hipótese que requer uma confirmação científica.

Louis Levy, chefe de ciência nutricional do Public Health England (PHE), uma agência do serviço nacional de saúde britânico, partilha a cautela da equipa de pesquisa.

"Este estudo não fornece provas suficientes para aconselhar a vitamina D como redutora do risco de infeções respiratórias", afirmou.

Outros especialistas são, no entanto, mais otimistas. O caso dos suplementos de vitamina D, ou outros complementos nutricionais, "agora é indiscutível", concluiu Benjamin Jacobs, do Royal National Orthopaedic Hospital.