A Direção-Geral de Veterinária revelou que o caso foi registado a 26 de agosto e que “o animal infetado morreu com uma encefalite pelo West Nile Virus [designação em inglês do vírus do Nilo Ocidental]”.

A delegada regional de Saúde Pública do Algarve, Ana Cristina Guerreiro, recordou que os primeiros casos de infeção por vírus do Nilo na região surgiram em 2004, em “dois turistas observadores de pássaros que fizeram diagnóstico no país de origem”. “Depois foi identificado que teriam sido infetados por mosquitos na região” algarvia, mas “desde então não houve mais casos em humanos, até ao ano passado, quando houve um”, explicou.

Ana Cristina Guerreiro sublinhou que as autoridades de saúde tiveram sempre em curso “o programa REVIVE, que é um programa de monitorização dos vetores, em que se fazem colheitas de mosquitos e carraças”, e, depois do caso do ano passado, realizaram “algum trabalho suplementar”.

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“Este ano, quando tivemos conhecimento do caso no equídeo, fizemos a máquina disparar mais cedo, contactámos a Câmara e a empresa Águas do Algarve para implementarem medidas de diminuição da população vetorial, aplicando larvicida nas zonas da periferia de Loulé em que identificámos alguns pontos com águas paradas e com algumas larvas”, adiantou a delegada regional de Saúde.

Médicos da região alertados 

A responsável disse que foram também contactados “os médicos dos vários serviços de urgência e de infetocontagiosas para os sensibilizar para o diagnóstico, porque sendo uma doença rara, as pessoas podem não estar despertas para ela”.

Porém, frisou, “não houve conhecimento de casos em humanos” e o risco de infeção de pessoas é “baixo” porque “há baixa atividade vetorial e poucos mosquitos” devido ao vento e tempo seco. A delegada regional disse ainda tratar-se de um “caso isolado” que pode ter tido origem “num mosquito contaminado por uma ave de passagem e que depois fez a infeção ao cavalo, mais fácil de acontecer do que a infeção em humanos”.

Numa resposta enviada à Lusa, a Direção-Geral de Veterinária explicou que “existem muitas espécies animais que são suscetíveis de ser infetadas” pelo vírus do Nilo ocidental, “incluindo outros equídeos e outros mamíferos, corvídeos, galináceos”, e referiu que “o vírus é transmitido por picadas de mosquitos do género ‘Culex’”, pelo que “todas as medidas para evitar as picadas destes mosquitos terão efeito positivo na prevenção do contágio, seja qual for a espécie em causa”.

A Direção-Geral de Veterinária aconselhou a “evitar a frequência de zonas próximas de águas estagnadas, nomeadamente Estações de Tratamento de Águas Residuais ou áreas pantanosas, depósitos de pneus abandonados, jarras de cemitérios e jardineiras de vasos de plantas”.

É recomendando ainda à população em geral o uso de “repelentes de insetos ou sistemas elétricos para afastar mosquitos” e a adoção de “medidas de higiene ambiental que permitam eliminar águas estagnadas”.

O presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, disse à Lusa que foi contactado na semana passada pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Algarve Central no sentido de a autarquia adotar “medidas de reforço” e aplicar um larvicida em linhas de água do concelho, trabalho “feito em cerca de uma hora”.

O vírus do Nilo não se transmite de pessoa para pessoa, podendo, em 20% das infeções, provocar doença febril com manifestações clínicas ligeiras, que raramente pode evoluir para meningite viral.